As declarações do ministro dos Transportes, Anderson Adauto, durante a semana que passou, revelam que, aparentemente, ele tem a exata compreensão de que aquilo que o governo menos precisa, neste delicado momento de decolagem, é do constrangimento de levar a bordo um ministro sob suspeita. As manobras para se evadir das denúncias, executadas pelo ministro depois da divulgação por esta revista, na sexta-feira 10, do chamado Dossiê Iturama, não estão se mostrando eficientes. E isso foi notado na entrevista que ele concedeu à imprensa na quarta-feira 14. Com ar abatido e se reconhecendo constrangido, ele admitiu que pode não voltar ao Ministério depois de assumir seu mandato na Câmara dos Deputados. É praxe que os deputados eleitos e nomeados para o Ministério sejam exonerados de seus cargos, assumam sua vaga na Câmara e depois retornem ao Ministério. “Quanto ao ato de volta, depende do presidente, e não posso dizer que volto”, afirmou.

Adauto se livrou de dois dos envolvidos no esquema de desvio de verbas da Prefeitura de Iturama, em Minas Gerais, que havia indicado para cargos na sua pasta. Ele negou que tivesse algum tipo de ligação societária com qualquer um deles. Negou à imprensa, ao ministro-chefe da Casa Civil e ao presidente da República. Em exemplar demonstração de bom senso, Anderson Adauto disse: “Se amanhã houver uma ligação concreta do ministro dos Transportes, tenho de ter desconfiômetro, procurar o presidente Lula e dizer que não posso permitir que seu governo tenha desgastes.”

A respeito de ligações concretas, leia a reportagem de Weiller Diniz, à pág. 26 desta edição.