O dinamarquês Lars von Trier escreveu e dirigiu Dançando no escuro sem nunca ter visitado os Estados Unidos. Mesmo assim, o filme que com crueldade narra o inferno da estrangeira deficiente visual naquele país foi muito elogiado e recebeu a Palma de Ouro do Festival Internacional do Filme de Cannes. Mantendo a ousadia, Von Trier inaugura a trilogia Estados Unidos – terra de oportunidades com o surpreendente Dogville  (Dogville, Dinamarca/Suécia/França/Noruega/Holanda/Finlândia/Alemanha
/Itália/ Japão/Estados Unidos/Reino Unido, 2003), que tem estréia nacional na sexta-feira 16. A história de Grace (Nicole Kidman), mulher foragida de gângsteres, é uma parábola sobre a maldade inerente ao ser humano. De protegida ela passa a explorada, numa sucessão de desvario que a faz explodir como um verdadeiro anjo vingador.

Ambientado no Estado do Colorado durante a Depressão, na virada dos anos 1930, o filme será seguido por

Manderlay

, passado no sul do país com um elenco predominantemente negro, e

Wasington

, assim mesmo, sem o “h”. Mas, por enquanto, a curiosidade fica com

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Dogville

, que foi rodado num único ambiente no qual a cidade é representada apenas por construções e ruas inexistentes, meramente marcadas com giz no chão. Contando com um bom elenco no qual, entre outros, brilham Lauren Bacall, Ben Gazzara, Paul Bettany, Udo Kier e Chloë Sevigny, a encenação de 3h17, dividida em um prólogo e nove capítulos, já foi chamada de brechtiana. Mas segue o minimalismo estabelecido pelo manifesto

Dogma 95

. Classificada de metáfora da era Bush, apesar de o diretor insistir que só quis contar uma história de vingança, a fita consegue a proeza de levar o público a esquecer a beleza de Nicole Kidman para prestar mais atenção ao enredo cheio de implicações.


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