Acerto de contas de Paulo Vanzolini, com vários (Biscoito Fino) – São 52 faixas distribuídas em quatro CDs, abrangendo quase a totalidade da produção do compositor paulistano que fez perto de 65 canções. O projeto nasceu há cerca de cinco anos, com pesquisa e produção de Ana Bernardo e direção musical e arranjos de Ítalo Peron. A supervisão é do próprio Vanzolini, hoje com 78 anos. Ao lado de nomes como Paulinho da Viola, Chico Buarque, Márcia, Inezita Barroso e Virgínia Rosa, o disco também conta com cantores da noite, entre eles João Macacão, um verdadeiro Nelson Gonçalves. Além de Ronda, Na boca da noite (parceria com Toquinho) e Volta por cima, encontram-se preciosidades como Pedacinhos do céu – letra colocada sobre o conhecido tema
de Waldir Azevedo – e Seu Barbosa, samba-italiano nos moldes
dos compostos por seu arquiinimigo Adoniran Barbosa. (Luiz Chaves) Ouça sem parar

Alice ou a última mensagem do cosmonauta para a mulher que ele um dia amou na União Soviética (Sesc Anchieta, São Paulo) – O título é tão longo quanto uma peça de José Celso Martinez Corrêa. O texto do escocês David Greig também é fragmentado como alguns trabalhos do festejado encenador paulista. Mas o diretor Felipe Hirsch consegue imprimir o tom exato para a total falta de comunicabilidade e abandono dos personagens neste espetáculo que marca os dez anos da Sutil Companhia de Teatro. A ação simultânea centra-se em tipos improváveis. Entre eles, encontram-se dois astronautas russos; uma garota que vaga pelo mundo em busca do pai; e seu namorado, que fica encerrado num quarto de hotel ouvindo a respiração da amada, gravada durante o sono. Separadamente, os episódios parecem não fazer sentido. Mas, no conjunto, o tema revela um denso retrato do mundo atual. (Ivan Claudio) Assista até o fim

O chamado (cartaz nacional na sexta-feira 31) – Lendas urbanas, quando povoam com pavor o pensamento popular, podem ser transformadas em bons filmes de terror. Isto é, se a trama for bem administrada. O que, absolutamente, não é o caso deste filme do cineasta Gore Verbinski. A besteira conduzida por péssimos atores
fala de um grupo de adolescentes – sempre eles – que assiste a um insólito vídeo e morre sete dias depois. Para investigar o assunto,
uma repórter assiste ao mesmo vídeo e também é jurada de morte
pelo telefone. A partir daí, a bobagem é tão crescente e os sustos
tão bobos, que o espectador deseja ardentemente que não reste
nenhum personagem para não correr o risco de haver uma continuação. (Apoenan Rodrigues) Fuja

Assunto de meninas (em cartaz em São Paulo na sexta-feira 31) – Todo filme que envolve homossexualismo, masculino ou feminino, geralmente cheira a remake de alguma velha história de amor tradicional já passada nas telas. Em seu primeiro filme em inglês, a suíça Léa Pool afasta-se desta armadilha ao transformar a paixão da exuberante órfã Paulie (Piper Perabo) pela patricinha Tori (Jessica Paré) num drama envolvendo rito de passagem, origens sociais, orgulho e decência. A trama, que agradou ao público do alternativo Festival do Filme de Sundance, é contada por uma terceira garota, Mouse (Mischa Barton), que aporta num internato feminino para dividir o quarto com as outras duas. No emaranhado de sentimentos das personagens, Piper consegue dar dignidade à sua Paulie, formando um par perfeito com a delicada Jessica, do seriado televisivo Dawson’s Creek. (Luiz Chavez) Não perca