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PROMESSA
O Android (acima), criado pelo Google de Page (última), prometeu, mas não entregou.
Melhor para a Apple de Cook (abaixo), que deve trazer inovações no iPhone 5

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O sonho de conversar com as máquinas é tão ou mais velho que as próprias traquitanas. Cada geração tem seus filmes, histórias em quadrinhos ou desenhos animados sobre uma realidade em que, com um simples comando de voz, uma atividade é executada por um computador. Uma nova esperança de que a fantasia se torne realidade deve surgir com o lançamento do iPhone 5, marcado para a terça-feira 4. Não bastassem rumores e vazamentos na imprensa especializada, a Apple convidou jornalistas para um evento com um sugestivo texto que dizia “Let’s talk iPhone” (literalmente, “Vamos falar iPhone”), um jogo de palavras que brinca com “falar sobre” e “falar no” aparelho.

O papel de messias nessa história parecia ter ficado com o Google, quando, no ano passado, a empresa anunciou melhorias no Android, seu sistema operacional para smartphones. As opções, contudo, não foram além das poucas funções como escrever mensagens de texto, fazer uma ligação e procurar um endereço. Nada que o iPhone atual não faça. Essas funções, limitadas, não substituíram o toque na tela na preferência dos usuários.

Por isso, espera-se que as inovações no iPhone 5 possam ir muito além. Esse conjunto de operações acionadas por voz se chamaria Assistant (assistente, em inglês). Ele teria a capacidade de converter automaticamente uma frase em um comando no iOS 5, sistema operacional do smartphone. Qualquer função, desde marcar um compromisso na agenda (discriminando a pessoa e o local, por exemplo) até outras mais comuns, como ligar para alguém, estariam interligadas ao programa. Como já acontece no comando de voz existente hoje, bastaria apertar um botão e dar o comando. Como um perfeito assistente pessoal.

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A diferença é que agora a máquina interpretaria com muito mais precisão o que é dito e transformaria o comando em tarefas mais complexas do que as executadas hoje. Mas não se trata de uma via de mão única, em que o usuário fala e o aparelho realiza. De acordo com o site especializado em Apple “9to5Mac”, que teve acesso a uma versão preliminar do programa, se você diz algo como “marque uma reunião com José da Silva”, o assistente responde perguntando a hora e a data. Uma vez que você dá essas informações, ele pergunta como contatar José (ligando, mandando um e-mail ou mensagem de texto) e assim sucessivamente.

Outra característica inovadora do Assistant será a capacidade de, apenas com a voz, criar e enviar um SMS ou iMessage (serviço de mensagens de texto gratuito entre usuários do iPhone). Por exemplo, será possível dizer: “Envie uma mensagem para Marcos dizendo que não vou ao ensaio da banda hoje” e tudo isso terá sido feito. O usuário pode ainda optar por ler a mensagem antes, para ter certeza de que o programa interpretou corretamente o que ele disse. Se estiver certo, ele diz “sim” e o texto é enviado; se disser “não”, o sistema vai pedir para falar novamente.

Prever uma mudança de paradigma tão grande não seria possível se a Apple não tivesse comprado no ano passado a Siri, empresa que detém a tecnologia mais avançada de comando e resposta por voz. Não são poucas as críticas às tecnologias existentes hoje, em que o usuário repete várias vezes o comando e, mesmo assim, ele é sequer compreendido como tal. Elas já existem, em diferentes níveis de precisão, em sistemas de busca, carros e até mesmo cadeiras de roda (leia quadro).

Funções tão complexas, porém, exigem uma máquina poderosa para executá-las. Por isso, a Apple terá na nova versão do iPhone o processador A5 e um gigabyte de memória ram, configuração que até pouco tempo só existia em computadores de mesa. Usuários de versões anteriores do smartphone que quiserem utilizar o Assistant, portanto, precisarão atualizar não só o software como o hardware de seus equipamentos.

“Como sempre, em casos de vazamento de informações, é possível que toda essa conversa de Assistant seja um grande disparate”, escreveu Chris Ve­lazco, do site especializado TechCrunch. Ele mesmo, no entanto, reitera que as novas informações estão de acordo com outros rumores há muito espalhados sobre o próximo smartphone da empresa – que deve ser apresentado por Tim Cook, que assumiu como CEO da ­Apple desde que Steve Jobs renunciou ao cargo no mês passado. “Acessibilidade sempre foi um grande foco para a eles”, diz Velazco. Se a tecnologia existente pode proporcionar o mais intuitivo dos comandos, não será nenhuma surpresa se a gigante, que praticamente faz uma revolução a cada dois ou três anos, seja a primeira a realizar o sonho de ter um desejo realizado com um simples pedido. Se não correrem atrás, Google e outros concorrentes estarão falando com as paredes.

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