Fora de moda o surfe nunca esteve, mas a espuma das ondas anda respingando agora é nas mulheres. Elas primeiro foram fisgadas pelas estampas multicoloridas de coqueiros, pranchas e paisagens além-mar do modismo surfwear. Cansadas de ficar nas areias esperando os namorados surfistas vestidas a caráter, elas perderam o medo e se jogaram no mar. De onde não querem mais sair. As meninas hoje já representam mais da metade dos alunos das escolinhas de surfe no Rio de Janeiro.

Seja como simpatizantes, seja como praticantes profissionais – caso da campeã Andrea Lopes, a primeira brasileira a ganhar uma etapa do WCT (World Championship Tour) – o surfe feminino não pára de crescer. “Estou apaixonada pelo esporte. Nada se compara a ficar em pé numa prancha”, derrete-se a jovem Roberta Mostathia, 15 anos, que começou a surfar neste verão. Ela e a amiga Marina do Amaral, aplicadas, são apontadas pelo ex-campeão carioca Dadá Figueiredo como alunas bastante promissoras. “Essas meninas arrebentam”, elogia. Há dez anos, Dadá transformou um trecho da praia da Barra da Tijuca em local de trabalho. Surfista profissional, comanda uma das dezenas de escolinhas de surfe espalhadas pela orla do Rio. Dos seus 60 alunos entre oito e 40 anos, metade são mulheres.

Os surfistas costumam exaltar o poder terapêutico do esporte alegando que não há nada que um dia de surfe não cure. Na verdade, pegar onda melhora a capacidade cardiorrespiratória e aumenta a força e a resistência muscular de qualquer um. Mas essa malhação acaba sendo ótima para as mulheres porque provoca um efeito poderoso em duas partes do corpo importantes para a vaidade feminina. Deixa as pernas durinhas e o bumbum também. E a barriga – outra preocupação frequente das mulheres – fica sem flacidez porque, antes de caírem na água, as alunas fazem exercícios abdominais durante o aquecimento. Quem entende do assunto garante que praticar surfe não deforma a silhueta feminina. “É mentira dizer que surfe faz a mulher ficar forte e grande”, comenta Rico de Souza, um dos mais antigos e respeitados surfistas do Brasil. Assim como Dadá, Rico se mostra entusiasmado com a invasão das ondas pelas mulheres, fenômeno, aliás, que os marmanjos estão adorando.