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VIDA DURA
O tema de Griselda (Lilia Cabral) é o seu temperamento batalhador

Sempre que Lilia Cabral surge na novela das nove “Fina Estampa” é certeza de que os sambistas Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Sombrinha farão companhia à atriz. Eles são os intérpretes de “O Nome Dela É Griselda”, música encomendada pelo novelista Aguinaldo Silva para a personagem que ganha a vida como faz-tudo do bairro e não ­foge do trabalho pesado. Temas criados especialmente para abertura de novelas são comuns. Mas canções cujos versos comentam a personalidade de protagonistas de uma trama fazem parte de uma tradição há um tempo esquecida e que já rendeu clássicos como “Roque Santeiro” (de Sá e Guarabyra), “Modinha para Gabriela” (de Dorival Caymmi) e “Tieta” (de Luiz Caldas). Para Zeca Pagodinho, esse tipo de composição demanda um processo de criação ­especifico: “Geralmente o que a gente faz é inspirado no nosso cotidiano. Essa aí (a música-tema) você compõe como um samba-enredo”, diz.

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É LUXO SÓ
Dudu Falcão compôs a música para o extrovertido Crô (Marcelo Serrado)

Griselda não é a única contemplada com trilha sonora própria em ­“Fina Estampa”. As personagens Solange, interpretada por Carol Macedo, e Crô, papel de Marcelo Serrado, ganharam, respectivamente, “Menina Chapa Quente” e “Me Segura”. Eduardo Dussek canta o tema do mordomo extrovertido, composição de Dudu Falcão. Não é a primeira vez que ele se dedica a esse trabalho. Entre as faixas-título de “Bebê a Bordo”, “Que Rei Sou Eu” e “As Filhas da Mãe”, Dussek contabiliza mais de 20 trabalhos do gênero em 30 anos de profissão. Segundo ele, a grande vantagem de ter sua voz em novelas está na visibilidade proporcionada ao artista e também nos direitos autorais que recebe a cada execução da canção. Do estudo do personagem à finalização da música, todo o trabalho é feito em equipe. “É como um vestido de noiva: a costureira desenha, mas depois toda a família da noiva dá palpite”, brinca o músico, referindo-se às exigências conjuntas de autores e diretores envolvidos no projeto. Para o mordomo Crô, a ideia foi ter um tom entre Frank Sinatra, Cole Porter e Cauby Peixoto. “Você tem que imaginar que canção é a trilha sonora da vida dele”, afirma Dussek.