Priscila Cabral, 24 anos, está literalmente nas nuvens. Depois da reportagem "Nudez Castigada", publicada com exclusividade por ISTOÉ na edição 1690, a vida dessa comissária de bordo – demitida da TAM, em janeiro de 2001, depois que os colegas descobriram que ela tirou fotos nua para a revista erótica Brasil Sex Magazine, em 1999 – deu um looping acrobático, como os feitos pela audaciosa esquadrilha da fumaça. A falta de vontade de insistir na carreira foi substituída por um convite para trabalhar na companhia aérea Fly, além de uma proposta, que está sendo negociada com o conhecimento da empresa, para ser capa da Playboy.

"Eu estava muito mal. Já tinha perdido as esperanças, mas depois da reportagem da ISTOÉ minha vida deu uma reviravolta. A auto-estima se estabilizou e agora parece que vou explodir de alegria", contou exultante. Priscila virou notícia no Brasil e no mundo, a agência Reuters distribuiu a notícia. Ela foi entrevistada por várias emissoras de rádio e tevê. No dia 20 foi ao Superpop, de Luciana Gimenez, na Rede TV!. Estava pautada para falar cinco minutos e acabou ficando meia hora no ar. Resultado: bateu em audiência a concorrente Record, que transmitia uma partida de futebol entre Americano e Corinthians, pelo Torneio Rio-São Paulo. Ela voltou ao programa no dia seguinte e foi surpreendida. No ar, recebeu um convite de Sérgio André Burger, diretor executivo da companhia aérea Fly: "É com orgulho que a convido para fazer parte da nossa equipe. Você merece voar não só na minha empresa como em qualquer outra que desejar."

Nos dias que antecederam o convite, Burger foi bombardeado por solicitações de seus funcionários para contratar a moça. Até a mulher dele, a ex-comissária Ana Burger, entrou na história em favor de Priscila. "Fui contratada pela Fly para ser a garota-propaganda da empresa. Farei vôos promocionais e especiais, como comissária." As manifestações de apoio também foram muitas. A primeira delas foi a visita do avô, Nelson Cabral, 69 anos, que não via a neta há tempos. "Ele veio saber se a moça que tinha tirado foto nua e que estava aparecendo na revista e na tevê toda hora era eu mesma." O avô, que até então desconhecia a história das fotos, ouviu calado o enredo e não repreendeu a neta. Os alunos de Priscila, que leciona em um curso para comissárias de bordo, também não. "Depois da reportagem, eles me receberam de pé e bateram palmas." Telefonemas e cartas com mensagens de otimismo também chegaram às suas mãos. Em uma delas, o casal Elaine e Anderson elogiou a coragem de Priscila e ressaltou ter acompanhado o caso desde a primeira publicação: "O homem não é digno de julgar ninguém, muito menos de condenar", escreveu. Foi o bastante para que Priscila, vestida em seu novo uniforme e posando para fotos dentro do avião, concluísse: "O mundo é melhor do que eu imaginava."