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Depois de 21 anos de regime militar e uma transição política negociada para a posse do governo civil, os brasileiros esperavam que os novos tempos de democracia tivessem início em clima de festa. Não foi o que aconteceu.
A votação do colégio eleitoral, realizada em 15 de janeiro de 1985, escolheu Tancredo Neves, 75 anos, para presidente e as notícias que se seguiram não foram nada festivas. Saído de uma campanha cansativa, o político mineiro passou a sentir fortes dores abdominais e foi internado na véspera da posse. Trinta e oito dias depois, seu falecimento foi anunciado pelo porta-voz Antônio Britto, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Apesar das esparsas discussões jurídicas que questionavam a possibilidade de o presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, assumir a Presidência, prevaleceu a interpretação tradicional. José Sarney, eleito vice na chapa de Tancredo, tornou-se então o primeiro presidente civil depois de mais de duas décadas. No poder, o ex-integrante do PDS restabeleceu as eleições diretas para presidente e promulgou a nova Constituição, três anos depois da posse. O governo Sarney também marcou a estreia do primeiro plano de choque na economia, o Cruzado, em fevereiro de 1986. Para controlar a inflação, congelou preços e salários e acabou com a correção monetária. Em edição de capa, ISTOÉ mostrou o intricado jogo de poder que se desenhava a partir da posse de José Sarney. 

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A comoção de uma nação

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A morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985, provocou uma enorme comoção no País. Num dos maiores cortejos fúnebres já realizados no Brasil, cerca de dois milhões de pessoas viram o caixão de Tancredo passar por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João Del-Rey. Na capital da República, seguido por imensa multidão durante quatro horas, o corpo de Tancredo foi velado e exposto à visitação pública no Palácio do Planalto, onde o arcebispo da cidade, dom José Freire Falcão, oficiou uma missa de corpo presente. No dia seguinte, o corpo de Tancredo Neves chegou ao aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte, para receber as homenagens no Palácio da Liberdade. As cenas registradas na capital mineira foram impressionantes. Tumultos na praça da Liberdade, provocados pela ansiedade popular em romper os cordões de isolamento, resultaram em quatro mortos e 271 feridos.

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