A prisão de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, não esclarece em hipótese alguma a morte do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, afirmam políticos da legenda. Para o deputado estadual Renato Simões e o federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que acompanham o inquérito que apura o assassinato de Toninho do PT, não há elementos significativos que liguem diretamente Andinho e sua gangue à morte do prefeito, como acredita o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Domingo de Paulo Neto. Ele descarta a hipótese de crime político. Andinho, preso numa chácara em Itu na segunda-feira 26, nega qualquer participação na morte de Toninho. O criminoso mais procurado do Estado estava em companhia do soldado da PM Ronaldo Azevedo Góes, encarregado da sua segurança. Andinho fugiu em julho de 2000 da Penitenciária de Hortolândia. É acusado de ter praticado pelo menos 12 sequestros em Campinas – entre eles o da cigana Rosana Rangel Melloti, morta na porta de casa, porque a família não pagou o resgate. Crime que ele também não admite ter cometido. "O que for meu eu vou assinar, o que não for não assino", avisou Andinho à polícia.

Para Renato Simões, o único dado novo é que Andinho assumiu a autoria do sequestro do menino E.R.R, de nove anos, ocorrido quatro dias depois da morte do prefeito. E.R.R foi libertado após pagamento de resgate. Segundo a polícia, no entanto, exames periciais revelaram que cápsulas encontradas no local do assassinato de Toninho, no dia 10 de setembro, e no local do sequestro do garoto, no dia 14, saíram da mesma arma, uma pistola 9mm, que ainda não foi encontrada. "Mas não há outras provas que possam ligar diretamente o grupo de Andinho à morte de Toninho", rebate Simões. Segundo o deputado, "o secretário de Segurança está precipitando a ação da polícia para sair do foco da opinião pública e criar fato consumado com provas ainda a serem definitivamente concluídas".

Suspeitos – O curioso é que a maioria dos suspeitos apontados pela polícia estão mortos. Valmir Conti e Anderson Bastos foram executados em Caraguatatuba, por policiais de Campinas, em outubro do ano passado. Valdeci de Souza Moura, o Fiinho, foi assassinado na segunda-feira, 26, em Itu, quando tentava fugir da chácara onde Andinho foi preso. E Cristiano Nascimento de Faria está foragido. O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que representa o PT nas investigações do caso Celso Daniel, faz coro: "Os dois casos não estão esclarecidos. No de Toninho não tem ninguém preso e três dos quatro suspeitos foram mortos pela polícia." Greenhalgh vai além: "Devemos cuidar para que o foragido seja preso com vida e investigar as circunstâncias em que se deram as mortes dos outros dois executados por policiais de Campinas." As mortes ocorridas em Caraguatatuba, segundo ele, podem ter sido queima de arquivo. "Nós não queremos mais queima de arquivo nessa história."
Quanto ao caso Celso Daniel, Greenhalgh voltou atrás ao afirmar que falta muito para a polícia considerar o crime investigado e concluído. "Falta apreender a arma que matou Daniel, o Santana utilizado no crime, e sobretudo prender os nove integrantes da quadrilha, pois até agora apenas o André Cara Seca é que está preso."