Livros
Carmen – uma biografia (Companhia das Letras, 600 págs., R$ 55), de Ruy Castro – O jornalista e escritor mineiro pesquisou a vida de Maria do Carmo Miranda da Cunha, a portuguesinha mais brasileira de todos os tempos, durante aproximadamente cinco anos, para dar seu veredicto. Carmen Miranda antecipou em décadas as mortes de roqueiros como Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin, sucumbindo à combinação fatal estrada & drogas. Com seu estilo fluido, Castro detalha a trajetória incrível dessa mulher que, ao vencer em Hollywood, viu seu país de adoção dar-lhe as costas. Um inventário completo de turbantes, carros, amores, glamour, canções, dedicação, predestinação. Talento e solidão em doses excessivas. Leia sem parar. (Luiz Chagas)

DVD
Carl Th. Dreyer – Coleção especial – Box 1 e 2 (Magnus Opus) – Inspiração do franco-suíço Jean-Luc Godard em Viver a vida e, mais recentemente, do dinamarquês Lars von Trier em Ondas do destino e Dançando no escuro, o cinema filosófico, de construção rigorosa e visual hipnótico do também dinamarquês Carl Theodor Dreyer (1880-1968), mereceu uma edição caprichada nas duas caixas que chegam às lojas. A primeira, com quatro DVDs, traz o documentário Radiografia da alma e os filmes mudos A quarta aliança da sra. Margarida (1920), Mikael (1924) e O martírio de Joana D’Arc (1928), no qual Falconetti encarna com tal sofrimento a mártir francesa que passou a ser identificada com ela na vida real. O melhor, contudo, fica reservado para a fase sonora, em três obras-primas absolutas – Dias de ira (1943), A palavra (1955) e Gertrude (1964), ápice de uma obra que se emparelha com as grandes do século passado, em qualquer linguagem. Assista até o fim. (Ivan Claudio)

Arte
!Mirabolante Miró (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo) – Com toda a autoridade, o escritor francês André Breton costumava dizer que o pintor espanhol Joan Miró (1893-1983) era o mais surrealista dos artistas. Produzida nas últimas duas décadas de vida do pintor, a maioria das obras da mostra confere visualidade à poesia de autores como Jacques Prévert e René Char. Com seu forte contorno preto, cercado por generosas áreas verdes, amarelas, vermelhas e azuis – marca de sua obra –, os grafismos de Miró já encantaram 190 mil pessoas em Porto Alegre. Ao todo são 178 gravuras e 28 pôsteres do acervo da Galeria Lelong, de Paris. Destaque para as obras Le poète assassine (O poeta assassinado) e L’oeil bleu du volcan (O olho azul do vulcão), que impressionam pelo tamanho de 1,60 m por 1,30 m. Não perca. (Dolores Orosco)