Confira o vídeo e saiba mais sobre  o livro “Dormindo com o Inimigo – A Guerra Secreta de Coco Chanel”:

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REVELAÇÕES 
Livro traz documentos que vieram à luz recentemente

Uma nova biografia sobre a estilista Gabrielle “Coco” Chanel poderia facilmente cair na mesmice e, consequentemente, no esquecimento. Há algum tempo a vida desse ícone da alta-costura vem sendo devassada. “Dormindo com o Inimigo – A Guerra Secreta de Coco Chanel” (Companhia das Letras), de Hal Vaughan, evita esse caminho fácil e ganha destaque ao lançar nova luz sobre as relações de Chanel com o nazismo. Repórter e escritor americano que reside em Paris e serviu como agente alfandegário na Segunda Guerra Mundial, Vaughan teve acesso a documentos recentes divulgados pelos governos francês e alemão, e detalha o envolvimento de Chanel com as forças de ocupação naquele momento dramático do cotidiano parisiense, entre 1940 e 1944. Seu colaboracionismo se deu, aparentemente, na forma de um romance com o barão alemão Hans Gunther von Dincklage, que era, na verdade, um espião da Gestapo (polícia secreta do ditador Adolf Hitler). A missão dele: buscar uma aproximação com os ingleses. E Chanel parecia – e era – a parceira perfeita.

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AMOR PROIBIDO
Chanel e o amante alemão Hans Gunther von Dincklage:
encontros na Paris ocupada pelas tropas nazistas

À frente de uma “maison” renomada, a costureira era próxima do então primeiro-ministro inglês Winston Churchill e usou de sua intimidade em pelo menos duas investidas. A primeira foi rechaçada pela astúcia política de Churchill. Ele sabia que uma aliança com Hitler significaria perda de poder – o führer havia prometido reconduzir o seu adversário Edward VIII, ex-soberano do Império britânico e agora duque de Windsor, ao trono da Inglaterra. A segunda tentativa foi mais arriscada e ganhou até um nome, missão “modellhut” (referência aos requintados chapéus que ela desenhava): convencer o estadista britânico a apoiar alguns líderes nazistas da SS em um golpe contra Hitler, parceria também recusada. A posição ambígua da estilista se acirra nos anos seguintes. A partir do verão de 1942, Paris passou a assistir à prisão e deportação dos judeus e refugiados judaicos, mas Chanel parecia mais preocupada com o que acontecia dentro do seu quarto no chique Hotel Ritz, a apenas 15 minutos a pé do bairro judaico. Era nessa suíte que ela passava a maior parte do tempo com o seu amante alemão.

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PODEROSA
Com Churchill (primeiro à esq.), que tentava convencer a se aliar à Alemanha

O mais curioso é que, com a liberação de Paris, a costureira não foi investigada por sua relação com Dincklage, mas com outro agente, agora da SS – o barão Louis de Vaufreland, considerado ladrão e oficial alemão de confiança. À frente da investigação estava o juiz Roger Serre, que tinha em mãos um documento de mais de 50 páginas provando que, em 1941, ela atuou como agente secreta da Abwehr (inteligência militar alemã) em uma missão de espionagem. Um dos documentos que o livro revela – e que se desconhecia nessa época – é um relatório do serviço secreto britânico que registrava a visita de Chanel e Dincklage a Berlim, em 1943. Ela oferecia seus serviços a Heinrich Himmler, chefe da SS, segundo depoimento de Joseph von Ledebur-Wicheln, agente desertor da Abwehr. Sem conhecimento dessa prova, os juízes só tinham à disposição a palavra de Chanel. Em um interrogatório a outro juiz, Fernand Paul Leclercq, Coco jurou indiferença a questões políticas e chamou Vaufreland de um jovem “frívolo, falando muitas tolices”. E não economizou sarcasmo: “Se mantinha relações com certos alemães, só poderiam ser de caráter sexual.” Ela acrescenta que usou uma vez da influência do tolo barão para libertar o seu sobrinho André Palasse dos campos de extermínio: “Vaufreland era um rapaz simpático, sempre pronto a prestar serviço”, afirmou. Boa no corte e costura, a estilista não dava ponto sem nó e, segundo o livro, sabia a hora certa de virar a casaca.  

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