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A menos de uma semana do início do Rock in Rio, o maior festival de música do País, o que se ouve na Cidade do Rock, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, ainda não são os grandes sucessos de Elton John, Stevie Wonder, Metallica e Coldplay. Uma verdadeira orquestra formada por 500 funcionários produz uma sinfonia de pancadas de martelo, rangidos de serra e ruídos de caminhão numa corrida contra o tempo para entregar ao público uma espécie de Disneylândia do rock. Após dez anos de ausência, o evento, que se lançou com um simples palco numa área descampada e acontecia ultimamente apenas em Portugal e na Espanha, retorna ao Brasil com fôlego redobrado. A partir da sexta-feira 23, estão previstas 14 horas de festa por dia e mais de 160 shows para um público estimado em 700 mil pessoas – e isso em um espaço de dois fins de semana. Enquanto rola o som, montanha-russa, tirolesa, roda-gigante, brinquedos em queda livre, malabaristas, caricaturistas e cartomantes farão o seu espetáculo à parte e gratuito – todas essas diversões estão incluídas no preço do ingresso. Essa variedade de ofertas é planejada. “O festival se tornou um grande parque temático da música e do entretenimento”, confirma Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio e filha de Roberto Medina, o criador da maratona roqueira.

Há oito meses o que era um grande matagal tornou-se um gigantesco canteiro de obras que agora toma forma final. O primeiro passo foi tratar o solo e prepará-lo para receber as pesadas estruturas de palco e sobreviver à intensa movimentação do público. Mais de 40 km de dutos de redes elétricas, hidráulicas e sanitárias foram instalados para impedir, por exemplo, que os desconfortáveis banheiros químicos estraguem a festa. Em vez deles, 500 sanitários estarão conectados à rede pública de esgotos. “Desse modo, a pessoa não vai precisar andar mais do que 60 ou 80 metros para ir ao banheiro”, diz Roberta. De olho na boa circulação, o espaço de 150 mil m² da Cidade do Rock foi pavimentado com asfalto, pedra e grama sintética. A técnica já havia sido testada no Rock in Rio Madri, em 2008, e mostrou-se adequada diante das surpresas de São Pedro – na mais recente edição brasileira do festival, os 80 mil m2 de grama natural se transformaram na mais pura lama. “A sintética fica sempre verdinha e limpinha”, afirma o diretor de engenharia do Rock in Rio, Walter Ramires. A praticidade dos elementos pré-fabricados se estendeu ao conjunto de lojas, stands e restaurantes, construídos com 600 contêineres. Nos bastidores, também se descarta a confusão: uma via de serviço de 1,5 km foi reservada para uso exclusivo de artistas e da produção.

Até mesmo o design da Cidade do Rock foi pensado. Ele se aproveita do desenho natural do terreno, que margeia uma lagoa, e distribuiu o palco e as áreas de lazer no formato de uma grande guitarra. A Rock Street, inspirada na Bourbon Street de New Orleans, imita o braço do instrumento e uma área maior, onde se encontram o Palco Mundo e o Sunset, copia a sua parte arredondada. Num estilo que remete ao concretismo, as torres brancas próximas aos portões de entrada lembram peixes. Para completar o visual, a pavimentação de toda a área foi feita em piso de concreto cinza e vermelho – visto de cima, o seu dinamismo simula a reverberação de uma onda. Esse tipo de acabamento, que privilegia a experiência sensorial e a racionalidade de fluxos, só foi possível graças a uma equipe permanente, que corrige erros a cada ano. Se nas primeiras edições do evento era preciso reunir e desfazer o grupo, hoje o capitão Roberto Medina, idealizador do festival, tem um núcleo que, mal termina um Rock in Rio, já está pensando no próximo. Esse time começou a ser formado em Lisboa, no primeiro festival da marca realizado fora do Rio, em 2004. São engenheiros, arquitetos, produtores e designers voltados exclusivamente para o evento e que acumulam know-how e experiência a cada realização. “É um trabalho de pesquisa que busca proporcionar às pessoas uma experiência única”, diz Ramires. Para que tudo fosse colocado de pé, estão sendo gastos R$ 110 milhões, inclusos aí os cachês das atrações nacionais e internacionais. É o preço de um festival exportação.  

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