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Hollywood pirou. Essa conclusão vem a propósito da maluca aventura chamada “Cowboys & Aliens”, em cartaz no Brasil na sexta-feira 9. Feito ao custo de US$ 163 milhões, o blockbuster traz a assinatura do novo especialista em tramas de ação Jon Favreau e vem ancorado no carisma de Harrison Ford e Daniel Craig – ou seja, Indiana Jones e 007 em pessoa, lado a lado pela primeira vez em uma missão perigosa. Mistura absurda de faroeste e ficção científica (só que ambientada no passado), o filme transcorre numa pequena cidade do Oeste americano cujos habitantes veem-se incomodados não pelos habituais apaches, mas por uma poderosa legião de alienígenas. Imagine o cenário de um bangue-bangue de John Ford repentinamente invadido por naves espaciais. Em voos rasantes sobre cânions e pradarias, elas detonam saloons e mercearias e laçam humanos com a destreza a que estariam habituados os vaqueiros com barba por fazer. É um verdadeiro massacre em “OK Curral”.

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BOMBARDEIO
Ataque extraterrestre no vilarejo de Absolution em pleno
século XIX: fantasia realizada ao custo de US$ 163 milhões

O mais famoso desses criadores de gado de Absolution é justamente o fazendeiro Woodrow Dolar-hyde vivido por Harrison Ford. Ele é flagrado no início da trama em confronto com um fora-da-lei desmemoriado que chega ao vilarejo e causa curiosidade por usar um bracelete high tech no punho direito. O forasteiro é logo identificado: trata-se do líder de um bando chamado Jake Lonergan, papel de Daniel Craig. O encontro passaria rápido a um belo tiroteio não tivesse sido interrompido por algo inédito naquele lado de rio vermelho – o tal bombardeio de discos voadores. Na falta de um qualificativo melhor para as nojentas criaturas saídas das naves, cujas feições parecem copiadas dos monstrengos da série “Alien”, a população passa a tratá-los como demônios.

Ford, Craig e ETs gosmentos, obviamente, não foram reunidos nesse enredo por acaso. A ideia de Favreau foi fazer um coquetel de referências pop, num estilo de filmes que hoje é chamado de “mashup”. O termo veio da informática e significa mistura. Foi apropriado pela música ao colocar trechos de diversas canções no liquidificador sonoro, fez alguns best-sellers na literatura e agora chega ao cinema. No caso de “Cowboys & Aliens”, não acontece apenas uma fusão de gêneros, mas uma subversão de seus códigos básicos. Como na trama os inimigos passam a ser os extraterrestres, uma impensada aliança se forma juntando em um mesmo flanco mocinhos, bandidos, xerifes, padres, prostitutas e, claro, índios. O diretor afirmou que sua preocupação principal foi garantir a plausibilidade de um ataque extraterrestre em pleno século XIX, mas a profusão de clichês supera de longe a de espaçonaves. No cinema-pipoca de Favreau, o gosto final é mesmo de chiclete com banana.

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