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Em diversos Estados do País passou a vigorar na semana passada uma determinação que, levada ao extremo de abranger toda a rede de en – sino público e privado espalhada pelo País, representará uma espécie de apartheid social, mesmo que temporário, sem precedentes na história. Por determinação de autoridades locais de cada região, centenas de escolas fecharam as portas, prorrogaram as férias e mandaram milhões de alunos – alguns que já estavam em aula do segundo semestre – de volta para casa.

A medida visa conter a rápida disseminação do vírus H1N1 que avança em meio à temporada de inverno, com registros crescentes de mortes entre as vítimas. Infectologistas apontaram que nas crianças o índice de contaminação e de transmissão – portanto, de alastramento da doença – é o dobro do verificado no restante da população e sugeriu a quarentena caseira. Reforçou essa estratégia de combate a ideia de que, normalmente, muitas famílias retornam de viagens ao Exterior nessa temporada de férias de inverno e o desembarque em massa nos ambientes coletivos fechados como as salas de aula poderia provocar um quadro de descontrole em cadeia.

As autoridades sanitárias estão convencidas de que ainda neste mês o ciclo da doença atinja seu pico e depois sua curva epidemiológica entre numa tendência de recuo. Sob esse prisma, o adiamento das aulas é uma ação positiva, que sinaliza prudência e responsabilidade. Aliada a ela, um conjunto de medidas multidisciplinares que aborde a conscientização das crianças sobre os cuidados de higiene necessários para evitar o contágio se faz necessário. Reuniões de pais e professores, palestras e teatro para os alunos abordando o tema podem ser úteis no controle da gripe e no esclarecimento da exata dimensão de seu risco – que, pelo que está provado até aqui, não é muito maior do que o de uma gripe comum.

O fundamental, de todo modo, é que a medida de afastamento social dos estudantes não se converta num processo de segregação perversa que só geraria mais pânico e preconceito, inadmissíveis numa sociedade moderna como a brasileira.


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