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O dinheiro está curto. A popularidade em baixa recomenda estar mais perto do povo. Ostentação, nem pensar. Então, na hora de viajar, nada de jato particular, helicóptero suntuoso, limusine ou supervan blindada. É melhor ir de ônibus. Barack Obama embarcou na ideia na semana passada. Em busca de mais apoio popular e em meio a uma aguda crise política, o presidente dos Estados Unidos fez uma viagem de três dias por três Estados do Meio-Oeste de seu país, justamente aqueles em que tem pior desempenho nas pesquisas. Gente como a gente, foi a bordo de um busão. Mas o veículo, assim como o homem, não era um qualquer e a polêmica rapidamente se instalou. Motivo: a fortaleza preta sobre rodas, recém-adquirida pelo serviço secreto americano, custou US$ 1,1 milhão. E ele não é único. Dois exemplares idênticos, já batizados pelo povo como Bus Force One (numa alusão ao avião presidencial Air Force One), estão na garagem da Casa Branca. O povo quer saber: o que há de tão fantástico na viatura que justifique a gastança?
Como era de se esperar, o serviço secreto mantém segredo, e a especulação corre solta pelas estradas americanas.

A empresa fabricante Hemphill Brothers Coach Company, especializada em preparar ônibus especiais para astros da música como Beyoncé e Aerosmith, também evita fazer paralelos com os luxos requisitados por seus clientes, como camas king size, banheiras de hidromassagem e tevês de Led com 60 polegadas. O ponto forte, segundo a Casa Branca, é o nível de segurança.

A blindagem tem o mesmo padrão das limusines presidenciais, conhecidas como “As Bestas”, capazes de resistir a ataques com armas químicas ou explosivos lançados por foguetes. Da mesma forma, os sistemas de comunicação permitem a Obama entrar em teleconferência com seus assessores em qualquer parte do mundo e tomar decisões sigilosas e cruciais. A cor preta é uma tradição do órgão.

É a primeira vez que o governo americano adquire ônibus para a frota presidencial. Em outras ocasiões em que presidentes americanos adotaram esse meio de transporte, a Casa Branca alugava os veículos e gastava milhares de dólares para adaptá-los e, na hora de devolvê-los, restaurar a configuração original. “Presidentes e candidatos têm feito viagens de ônibus desde 1980”, afirma Ed Donovan, porta-voz do serviço secreto. “Apesar do custo, podemos dizer que estamos fazendo economia.” A oposição discorda e usa os exemplos dos astros da música e do cinema para contestar o gasto milionário. O ator Ashton Kutcher, por exemplo, acaba de fechar o aluguel de um superônibus de dois andares e 18 metros de comprimento que inclui sete telas de plasma 3D, cozinha completa com bancadas de granito, câmeras de segurança externas e um sistema hidráulico que amplia o piso inferior para 100 metros quadrados. Usará como trailer durante as gravações do seriado “Two and a Half Men” a um custo de US$ 9 mil por semana.

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