Assista ao vídeo e saiba como praticar :

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NATURAL
Os praticantes usam a natureza para fazer os
movimentos que garantiriam mais força e agilidade

À primeira vista, lembra uma gincana ou um treino militar: pessoas subindo em árvores, carregando toras, caminhando em lamaçais e lançando pedras. Parece, mas não é. As atividades são parte do chamado paleotreino, uma série de exercícios inspirados nos movimentos que o homem fazia no período paleolítico (de 2,7 milhões de anos a dez mil anos a. C.). Na Inglaterra e nos Estados Unidos, por exemplo, já há grupos que aderiram à proposta – é possível encontrá-los treinando em cenários urbanos, como o Central Park, em Nova York. Une os adeptos do paleotreino alguns princípios bem inusitados. O primeiro é manter-se longe de aparelhos de musculação e de uma estética de academia que preconiza: quanto mais atrofiado o músculo, melhor. Asfalto e cimento também estão banidos durante o exercício. E até mesmo o guarda-roupas obedece a alguns critérios. Entre os praticantes, não se veem camisas ou calças de modernos tecidos sintéticos ou tênis com amortecimento de última geração. No pé, no máximo um calçado minimalista e, no corpo, o mínimo possível de roupas. Quem dita a moda para essa tribo (da alimentação às vestimentas) é o homem das cavernas.

Dois grupos principais articulam os praticantes: o MovNat (que oferece cursos presenciais) e o Caveman (uma espécie de fórum na internet) – ambos sediados nos Estados Unidos. A razão de seguir o homem primitivo, justificam os praticantes, estaria na consciência corporal que ele possuía – e que teria sido perdida com a evolução. A crítica é que o modo como se exercita o corpo atualmente prioriza mais sua estética do que sua função prática. Como resultado, limitam-se as habilidades naturais do ser humano e a musculatura obtida é pouco funcional. “Imagine-se em uma situação de perigo na qual você necessite correr ou escalar ou nadar por muito tempo ou uma combinação dessas atividades”, disse à ISTOÉ o francês Erwan Le Corre, um dos expoentes do paleotreino, mentor do MovNat (abreviatura para “mova-se naturalmente”). “Como você escolheria a habilidade mais importante?”, pergunta.

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A solução para o dilema, segundo Le Corre, está em priorizar todas essas habilidades no treino e não apenas uma. Embora pareça anacrônico – uma vez que os elementos que ameaçam o homem moderno são bem distintos daqueles do período paleolítico – o eixo do paleotreino é estar preparado para lutar pela vida como faziam nossos ancestrais. E, para isso, vale correr descalço, equilibrar-se em cordas, levantar pedras ou mover-se como um quadrúpede.

Eleger o homem das cavernas como modelo de vida é algo novo. Valorizar os movimentos do homem primitivo, porém, é mais antigo. Foi recomendado por outro francês, o marinheiro George Hébert, que no início do século XX desenvolveu o “método natural”, no qual enfatizava a necessidade de resgatar os movimentos naturais para garantir o desenvolvimento de um corpo funcional – e não apenas esteticamente belo. Além do paleotreino, seguem essa inspiração outras modalidades, como o parkour e a ginástica natural (criada pelo brasileiro Alvaro Romano na década de 1970, com foco no uso do peso do corpo para se exercitar). Apesar de beber da mesma fonte, Romano não vê com bons olhos o extremismo do paleotreino. “Eles propõem atividades que têm muito risco”, diz. “Não é qualquer pessoa que pode subir em uma árvore, atirar uma pedra ou carregar uma tora”, exemplifica.

Quem pratica garante que o grau de dificuldade dos exercícios é evolutivo: começa básico e, à medida que a pessoa ganha força e mobilidade, o treino torna-se mais complexo. Mesmo assim, não é qualquer um que deve aderir ao programa. “É uma proposta válida, mas não a recomendaria para quem não tem um bom preparo físico”, diz Flávia Martinez, coordenadora do Laboratório de Pesquisa do Exercício da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para a especialista, as atividades expõem muito a coluna, o que pode gerar desgaste e lesões. 

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