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PARTO
Ilustração mostra o nascimento de filhote de plesiossauro

Os oceanos do período mesozóico, entre 250 milhões e 65 milhões de anos atrás, eram dominados por gigantes carnívoros, competindo entre si por alimento. Mas, mesmo num ambiente tão inóspito, houve espaço para a ternura. Paleontólogos americanos descobriram que um fóssil de plesiossauro, guardado no Museu de História Natural de Los Angeles, na verdade era de dois indivíduos. Dentro do corpo do animal, havia um embrião, que não teve tempo de nascer. É a primeira evidência de que os membros desse grupo de répteis aquáticos tinham apenas um filhote, que se formava no ventre da mãe e já nascia bem desenvolvido – nesse caso, com 1,5 m de comprimento.

“A maioria dos outros répteis marinhos do período também era vivípara”, disse à ISTOÉ Robin O’Keefe, um dos autores do estudo, publicado na semana passada pela revista científica “Science”. “A diferença está no filhote – ter apenas uma cria, muito grande, é o que torna o plesiossauro peculiar”, explica O’Keefe. A descoberta faz os cientistas acreditar que o animal vivia em grandes grupos, como as ba­­leias e os golfinhos. Assim como os animais modernos, o objetivo era proteger os descendentes de predadores. A principal vantagem de ser vivíparo, no entanto, era o fato de não precisar sair da água para pôr ovos em terra, como as tartarugas. “É mais fácil proteger um filho dentro do próprio corpo”, diz o paleontólogo.

O fóssil, da espécie Polycotylus latippinus, viveu há 78 milhões de anos e foi descoberto em 1987. O esqueleto do embrião contém a maior parte do corpo já desenvolvido, incluindo costelas, 20 vértebras, ombros, pélvis e ossos da pata. A mãe, de cerca de 4,6 m, estava praticamente completa, faltando apenas parte do pescoço e a cabeça.

Outros grupos de répteis marinhos que viveram na mesma época, como o mosassauro e o ictiossauro, tinham de dois a cinco filhotes a cada geração. “Essa é a primeira evidência concreta de que os plesiossauros, assim como os outros répteis marinhos, tinham seus filhotes diretamente, sem a postura de ovos”, diz Tiago Simões, pesquisador do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, a suspeita nunca havia sido confirmada pela ciência.  

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