chamada.jpg
RECONSTITUIÇÃO
Para autoridades, equipe cometeu erros cruciais
 

Na sexta feira 29, mais de dois anos depois do acidente que matou 228 pessoas, o Escritório de Investigações e Análise para Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) divulgou em Paris o terceiro relatório sobre a queda do voo Air France 447. O documento, elaborado com informações das caixas-pretas encontradas em maio, reacende a polêmica sobre o grau de responsabilidade dos pilotos e, diferentemente da análise anterior, afirma que, além das falhas nos sensores de velocidade, as decisões tomadas na cabine teriam contribuído para a queda do Airbus 330, que ia do Rio de Janeiro para Paris.

Imediatamente após a divulgação do documento, a Air France e os familiares das vítimas se manifestaram contra a posição das autoridades francesas. “Repudiamos essa posição de culpar uma pessoa que não está aqui para se defender”, afirmou Nelson Marinho, presidente da associação de vítimas brasileiras. Marinho, que perdeu um filho no acidente, também lembrou que o novo relatório contradiz os pareceres anteriores, que enfatizaram as falhas mecânicas. A companhia também se defendeu afirmando que a tripulação operava em “condições de pilotagem desestabilizadas e deterioradas”, insistindo que o congelamento das válvulas Pitot, responsáveis por medir a velocidade, impediu que a equipe tomasse as decisões necessárias para evitar a tragédia.

Apesar de o documento ser taxativo na descrição e na crítica aos procedimentos na cabine de pilotagem, Alain Bouillard, chefe da equipe do BEA, afirmou que “neste estágio das investigações, não podemos afirmar que houve erro humano”. A declaração aconteceu na coletiva de imprensa realizada após a divulgação do relatório. O diretor do órgão, Jean-Paul Troadec, também se manifestou: “Não conseguimos compreender as atitudes dos pilotos.”

O fato é que as novas informações mostram os vazios no preparo das equipes para situações como a vivida pelos tripulantes do AF 447. Os dados que emergiram com as caixas-pretas mostram que, em nenhum momento, os passageiros foram avisados do que acontecia. As novas recomendações do BEA vão desde a capacitação para a pilotagem manual – que, para alguns, se perdeu com o avanço nas tecnologias de navegação automática – até uma atualização dos sistemas de registro de dados. 

img.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

 

 

 


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias