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DESAFIO
Ideli sabe que a maioria governista na Câmara e no Senado corre risco

O recesso do Congresso chega ao fim, e a volta dos parlamentares a Brasília pode trazer surpresas para o governo, principalmente para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, responsável pelo diálogo entre o Executivo e o Legislativo. Com as exonerações no Ministério dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff mexeu com os nervos de sua base política. Atingido diretamente pela devassa, o PR ameaça se rebelar nas próximas votações na Câmara. E não está sozinho. O PP e o PDT, aboletados nos ministérios das Cidades e do Trabalho, também entraram de prontidão. O próprio PMDB, do vice-presidente da República Michel Temer, não reagiu bem diante da versão de que o Planalto suspendeu temporariamente a operação limpeza para evitar maiores rachas na base aliada. “O PMDB não tem nada a ver com o PR”, disse o líder do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). “Não vai haver faxina nos ministérios do partido, porque não há o que faxinar.” O fato é que a confortável maioria governista na Câmara e no Senado corre risco. E Ideli Salvatti, embora não admita a ameaça, certamente refaz suas contas.

Pelo menos três projetos terão tramitação acidentada: a PEC 300, que cria um piso salarial nacional para policiais e bombeiros militares, a regulamentação da emenda 29, que fixa percentuais mínimos a ser investidos em Saúde, e o reajuste salarial do Judiciário. O governo volta a sofrer pressão para liberar emendas parlamentares e se prepara para enfrentar os rebeldes. Tanto Ideli quanto a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, estão sendo aconselhadas a se reunir com os líderes da base aliada no início desta semana. “Em relação à PEC 300 e à Emenda 29, creio que são matérias que ainda precisam de um debate mais amadurecido”, reconhece a ministra Ideli. “Tenho procurado ouvir as reivindicações de todos os nossos aliados.”

O trabalho de Ideli será árduo. O PR não esconde sua irritação com a faxina, e o líder do partido na Câmara, Lincoln Portela, reclama da forma como foram feitas as exonerações. “Virou um estado policial”, diz Portela. Alguns parlamentares experientes, porém, acreditam que o PR não se sentiria à vontade para sabotar votações do governo, pois teria que enfrentar a opinião pública. “Dilma hoje se tornou símbolo da indignação nacional com a corrupção no Executivo”, afirma o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), calejado por sete mandatos consecutivos. “Quem pensa em coagi-la pode se queimar.” Mas Miro parece otimista demais. Esquece que os descontentes podem agir contra o governo nos bastidores, nas votações secretas e por dentro das comissões. Ideli terá de ser forte para combater as retaliações. 

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