Assista ao trailer :

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Corrupção, adultério, violência e assassinato. Essa lista de ingredientes é comum em muitas séries americanas que alcançam sucesso na tevê mundial. Para criar tramas com tal nível de sordidez, os roteiristas normalmente quebram a cabeça por meses a fio. Quando conheceu a história dos Bórgia, que viveram na Itália no século XV, o diretor Neil Jordan (o mesmo dos sucessos cinematográficos “Traídos pelo Desejo” e “Entrevista com o Vampiro”) imediatamente teve a certeza: não precisaria fazer tanto esforço, pois a matéria-prima estava toda ali. Com a vantagem de que o clã ítalo-espanhol não era uma mera criação ficcional e ainda contava entre seus integrantes com um papa – Rodrigo, que adotou o nome de Alexandre VI quando se tornou pontífice.

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Jordan reconheceu que a própria realidade se encarregara de criar um script perfeito. “Era uma época em que os papas tinham amantes. Além disso, toda a família era ‘quente’ e lasciva”, definiu. Sua tarefa foi roteirizar a vida real e dirigir o elenco encabeçado pelo inglês Jeremy Irons, ganhador do Oscar. O resultado é um verdadeiro épico televisivo que o canal por assinatura TCM estreia no domingo 7. “Não foi preciso inventar muito para tornar os personagens fascinantes”, admite o diretor. Quem entende do assunto reconhece nos Bórgia características que os aproximam dos mafiosos. “Eles eram os Corleone do Renascimento”, comparou Mário Puzo, autor do livro “O Poderoso Chefão”, que deu origem ao filme sobre a saga da família Corleone. A diferença é que tinham um poder ainda maior. Historicamente marcada por sua ganância, crueldade e desregramento sexual, a trajetória do papa Alexandre VI e seus familiares já rendeu diversos livros (um deles, “The Family”, de autoria de Puzo), filmes e pelo menos uma série anterior de televisão passada nos anos 1980. A obra atual tem, no entanto, uma qualidade inédita. Não só pelos figurinos detalhados, a imponência dos cenários e a inspirada fotografia, mas também pelo excelente desempenho do elenco dirigido por Jordan.

Estrela do time, Jeremy Irons se diz atraído por seu personagem Rodrigo e também pelas circunstâncias da época. “Havia assassinatos em Roma todas as noites e alguns envenenamentos nos fins de semana. Ocorria um incesto aqui, uma sodomia acolá”, brinca o ator. Recentemente, Irons admitiu ter pensado em não aceitar o papel. “Percebi que eu não tinha o biotipo do sujeito grandalhão, com um apetite insaciável por comida e por mulheres”, disse em entrevista à ISTOÉ. “Acabei cedendo ao me dar conta de que o mais importante seria convencer sobre a sua habilidade em manipular as pessoas.” Em meio a tantos temas controversos no cotidiano da família, o incesto é um dos mais delicados. Historiadores discutem ainda a veracidade das acusações de que Lucrécia teria se relacionado com seu pai, o papa, e com seu irmão Cesare. Esse amor mais do que fraternal teria sido, inclusive, o motivo da gravidez da moça, depois que ela se internou num convento, desiludida com os desmandos do patriarca.

No roteiro escrito por Jordan, no entanto, o telespectador fica em dúvida sobre esse possível incesto. “Não seguimos essa linha”, justifica o ator François Arnaud, que interpreta Cesare. “Há um profundo carinho entre os dois, mas a parte física desse amor é quase infantil. Eles se tocam de forma inocente”, diz. No Brasil, um país majoritariamente católico, o público deve se surpreender principalmente com a forma crua como a série vai retratar a corrupção e a violência no coração da Igreja e a forma tão pouco caridosa como se conduzia Alexandre VI. Para esse resultado, a excelente interpretação de Irons dá uma colaboração decisiva. A ideia inicial de Jordan era levar a história às telas do cinema, mas acabou optando por um programa televisivo por achar que assim poderia garantir mais tempo para contar a saga dos Bórgia e maior profundidade na abordagem dos personagens. Deu certo, e sua segunda temporada já foi confirmada. Em breve, o telespectador brasileiro poderá conferir se ele fez a opção correta.  


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