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PACOTE
Silvio Berlusconi e o ministro da economia da Itália,
Giulio Tremondi, lançam plano de austeridade

Crises econômicas avassaladoras, ameaças generalizadas de calote e caos financeiro sempre fizeram parte da realidade de países do Terceiro Mundo. Esse cenário está mudando – e com uma rapidez que nem os economistas mais ácidos poderiam prever. Depois de Irlanda, Grécia e Portugal chegarem à beira da bancarrota, na semana passada foi a vez de a Itália, a terceira maior economia da zona do euro, dar sinais de que pode entrar em colapso econômico. Assim como os vizinhos de continente, a Itália corre o risco de perder a confiança do mercado e não conseguir arrecadar dinheiro suficiente para pagar os compromissos de curto prazo, dando um calote generalizado nos bancos, investidores comuns e outros países que compraram títulos de sua dívida. E, por incrível que pareça, o mesmo pode acontecer com os Estados Unidos. Se republicanos e democratas não chegarem a um acordo sobre o limite de endividamento do governo até o dia 2 de agosto, a maior economia do mundo simplesmente terá que declarar moratória.

O caso italiano é muito semelhante ao do português, do grego e do irlandês: gasta-se mais do que se arrecada. Para compensar esse déficit, os países pegam dinheiro emprestado para ir pagando as contas e, algumas vezes, fazer investimentos. Na Itália, a dívida já corresponde a quase 120% do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. Na prática, mesmo que o governo italiano passasse um ano inteiro apenas arrecadando impostos, sem fazer nenhum gasto, ainda assim não conseguiria pagar sua dívida pública.

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APERTO
Obama precisa fazer acordo com o Congresso até o começo de agosto

Para tentar debelar o apetite voraz do mercado financeiro, que passou a cobrar taxas de juros cada vez maiores para emprestar dinheiro ao país, o governo italiano precisou aprovar a toque de caixa um pacote de austeridade de 79 bilhões de euros. Com a medida, dá mostras ao FMI e ao Banco Central Europeu de que pretende fazer sua parte para reduzir o endividamento. Assim como na Grécia, serão os cidadãos italianos que pagarão pela irresponsabilidade dos gestores econômicos. Haverá cortes em todos os setores. Na saúde, por exemplo, eles passarão a pagar 10 euros por consulta e 25 euros por procedimentos sem necessidade de internação. Nos Estados Unidos, as discussões são tensas, mas ainda restritas aos gabinetes. O país também gasta muito mais do que arrecada. Hoje a dívida dos americanos já representa 93% do PIB de US$ 14,7 trilhões registrado em 2010. Lá, no entanto, o problema é diferente do da Europa por se tratar, por enquanto, de uma crise política. Em maio, o governo atingiu o teto do endividamento, que pela lei é US$ 14,29 trilhões. Para continuar pagando as contas, incluindo as dívidas de curto prazo, os Estados Unidos necessitam pegar mais dinheiro emprestado. Só que, para isso, o Congresso precisa aprovar uma lei ampliando esse teto. Os republicanos, adversários do democrata Barack Obama, estão dificultando ao máximo a aprovação. Em meio ao impasse, na quinta-feira 14, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s sinalizou que os Estados Unidos poderiam em breve perder sua nota máxima de crédito, a exemplo do que fizera a Moody’s dois dias antes. Como se vê, os tempos mudaram mesmo. 

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