Até para os que detestam esporte, esses artigos são irresistíveis. Os aparatos high-tech combinam com arrojados designs e deixam algumas práticas ao alcance de todos. Da prancha com motor, passando pelo tênis inteligente, até chegar a um traje para natação que aumenta a velocidade na água, os novos brinquedos são verdadeiros objetos de desejo para quem pretende ficar em forma para enfrentar a estação mais quente do ano.

Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, o nadador brasileiro Gustavo Borges levou um susto ao entrar na piscina da competição. “Olhei para o lado e vi o atleta americano com uma roupa preta que mexeu com o meu estado psicológico. Foi um impacto”, conta. O que o nadador americano Gary Hall Jr. vestia naquele dia era um traje aquático ainda em testes, elaborado pela Speedo. Batizado de FastSkin, o tecido imita os dentículos do tubarão, o animal mais rápido na água. O resultado foi a medalha de bronze para Gustavo Borges. “Na natação, um milésimo de segundo é a diferença entre um lugar e outro no pódio. Naquele dia perdi por quatro décimos de segundo”, lembra.

Durante quatro anos, os pesquisadores da Speedo quebraram a cabeça para elaborar um tecido que chegasse ao conceito de sunga mais rápida do mundo. Conseguiram. “Investimos US$ 50 milhões para fazer uma roupa que apresentasse menor atrito na água e possibilitasse maior velocidade. Estamos felizes porque 85% das medalhas da última Olimpíada foram com o FastSkin”, orgulha-se Roberto Jalonetsky, diretor de marketing da Speedo no Brasil.

Para transformar o universo do esporte aquático, foi preciso muita tecnologia. Elaborado em tecido com microfilamentos de poliéster e fios de elastano, o FastSkin é uma roupa de banho extremamente elástica que se molda ao corpo como uma segunda pele. Através do estudo de biomecânica, ela foi construída em painéis que se conectam aos grupos musculares que o corpo aciona durante a natação, aumentando a eficiência dos músculos e conseqüentemente a performance do atleta. Um scanner especial captou a imagem de 700 nadadores profissionais em três dimensões e oito posições para criar um mapa tridimensional do corpo dos nadadores, o que faz as roupas de banho FastSkin terem perfeita adaptação ao corpo do atleta. O macacão de R$ 1.200 ainda conta com controles de turbilhão. Feitos de titânio siliconado, esses controladores são posicionados de forma estratégica na superfície do tecido para minimizar o atrito (arraste) do atleta com a água. “O atrito é menor do que a própria pele humana”, afirma Jalonetsky.

Assim como a Speedo, outras empresas se empenham nos laboratórios de pesquisa para aperfeiçoar seus acessórios. Os principais são os tênis. “Nossa idéia era fazer um tênis que ajudasse no treino tanto de um amador quanto de um profissional. Por isso, ele precisava ser inteligente”, diz Adriana Gomes, gerente de produto da Adidas no Brasil. Assim nasceu, no começo deste ano, o Adidas 1, dotado de chip e um micromotor capaz de regular o amortecimento conforme o impacto. A Adidas gostou da idéia e resolveu se aprimorar. “Vamos lançar no final do ano a versão 1.1, com maior velocidade de resposta, mais agilidade na hora de regular o amortecimento e ótima performance”, conta.

Até o mais tradicional dos esportes se rendeu a uma funcional invenção high-tech. A bola inteligente, dotada de um microchip que ajuda o juiz na marcação, foi testada em outubro no Mundial Sub 17 do Peru e aprovada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). A principal entidade do futebol pretende usar a bola inteligente outra vez no Mundial de Clubes, que acontece no Japão, em dezembro. O campo sintético também passou por um teste árduo. Diferentemente dos gramados comuns, ele é o que se pode chamar de gramado de última geração. Por ter grama fixada com microbolinhas de borracha, ele permite que a bola deslize como se estivesse em um gramado natural. No caso de chuva, a drenagem do gramado artificial resiste a chuvas torrenciais de até 55 minutos.

As novidades não param por aí. Para o verão, os fabricantes reservaram
novidades, como a prancha com motor de jet ski, o protótipo de bicicleta que
alcança a velocidade de 70 quilômetros por hora e os óculos que criam linhas virtuais para facilitar os iniciantes a não fazer feio numa partida de golfe. Há ainda os artigos mais exóticos, como o carrinho de bebê com pneus e amortecimento para os pais atletas correrem enquanto levam o bebê para passear. Outra frente de apostas são os tecidos e materiais inteligentes, que se ajustam ao corpo, impedem a transpiração, eliminam os odores e melhoram o desempenho dos atletas, mesmo os de final de semana.

“O mais legal da tecnologia no esporte é a democratização. As pessoas se aproximam dos esportistas profissionais ao buscar esses acessórios que ajudam
a melhorar o desempenho”, diz Gustavo Borges. Ainda assim, ele avisa, é preciso suar muito para chegar ao mesmo nível.