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REBELDE
Santana conseguiu eleger um ex-guerrilheiro em El Salvador

Os petistas Valdemir Garreta e Luis Favre acompanharam tensos a apuração das urnas da eleição presidencial do Peru, na noite do dia 5 de junho. Logo que foi anunciada a vitória de Humala, a dupla explodiu em gritos e lágrimas como se estivessem numa eleição brasileira. Naquele mesmo dia, do outro lado do oceano Atlântico, outra dupla de marqueteiros brasileiros, André Gustavo e Alessandra Augusta, também comemorava a vitória do liberal Partido Social Democrata (PSD), na campanha que elegeu o economista Pedro Passos Coelho primeiro-ministro de Portugal. “Não foi nada fácil convencer os portugueses, que vivem uma profunda crise econômica e estão céticos em relação aos políticos”, disse Gustavo à ISTOÉ.

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INVERSO
Gustavo trabalhou para vencer os socialistas em Portugal

As duas conquistas simultâneas ocorrem apenas dois anos depois da eleição de Maurício Funes, da ex-guerrilha FMLN em El Salvador, pelas mãos do principal marqueteiro do PT, João Santana, confirmando a boa e nova fase do marketing político brasileiro no Exterior. E não deve parar por aí. Candidatos de diferentes legendas em países como México, Nicarágua e Guatemala já estão em contato com estrategistas e assessores brasileiros em busca de apoio para suas campanhas. Na Argentina, o candidato Ricardo Alfonsín está sendo assessorado por Roberto Mangabeira Unger, ex-ministro de Assuntos Estratégicos do governo Lula. Já o ex-presidente Eduardo Duhalde, principal candidato de oposição à reeleição de Cristina ­Kirchner, teria convidado Santana para coordenar sua campanha. O mar­queteiro brasileiro teria rejeitado a empreitada a pedido da presidente Dilma Rousseff, que espera a vitória de Kirchner. “Isso não é verdade. Eu não aceitei porque já tinha outros compromissos”, desconversa João Santana.

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CERTO
Favre usou a mesma estratégia “paz e amor” de Lula no Peru

Não é de hoje que marqueteiros brasileiros trabalham em outros países, um mercado que começou a ser aberto na década de 1990 por Duda Mendonça, Chico Santa Rita, Luiz González e pelo próprio Santana. Hoje, porém, o cenário é outro. A esquerda, que antes era radical, agora busca uma aliança com os mercados, identificando-se com Lula e o PT. No caso peruano, por exemplo, Humala, um ex-militar golpista, posou de político moderado, no melhor estilo “paz e amor”. Afastou-se de Hugo Chávez e lançou uma “Carta ao Povo Peruano”, similar à divulgada por Lula em 2002. “Foi um tiro certeiro”, avalia Garreta.

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Não poderia ser diferente em Portugal. Embora a lógica fosse inversa, já que a esquerda estava no poder, a reprodução da fórmula “esperança versus medo” foi explorada a fundo. “Política se faz com dois sentimentos: esperança e frustração. Com os portugueses decepcionados com a crise econômica e a falta de perspectiva com os socialistas, a es­tratégia foi explorar o sentimento de mudança”, explica o publicitário André Gustavo. Sem experiência em debates eleitorais, como Dilma, o economista liberal também passou por aulas de media training com a brasileira Olga Curado, que treinou a presidente brasileira. 

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