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AMBIÇÕES E TEMORES
O piloto Hans Baur e Hitler: segundo o aviador, o seu chefe
tinha pânico de ter o seu cadáver exibido no zoo de Moscou

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Celebridades, poderosos e governantes estão sempre rodeados de serviçais que, obviamente, guardam curiosos segredos sobre os seus chefes. Não foi diferente com o ditador alemão Adolf Hitler, que tinha entre o seu staff um profissional fiel, o piloto de aviões Hans Baur. Eram tão íntimos que o aviador se sentia na liberdade de criticar a dieta vegetariana do führer: “Não faço parte do grupo de hipócritas que se passam por vegetarianos na sua presença… Eu lhe digo na cara que um pedaço de porco assado com bolinhos de batata é dez vezes melhor do que todos os legumes que o senhor come”, disse, sem medo, ao ditador nazista. Essa curiosidade está contada no livro “O Piloto de Hitler” (Geração Editorial), do americano C.G. Sweeting. Baur exerceu esse cargo desde a campanha eleitoral do alemão em 1932 até o seu suicídio em 1945. Não se metia apenas na alimentação do führer: era todo ouvidos para as suas ambições. E também temores – o maior deles era ser morto e exibido pelos russos no zoológico de Moscou.

As trajetórias de Hitler e Baur se cruzaram em um voo comercial da empresa alemã de aviação Lufthansa. Com experiência de ex-combatente na Primeira Guerra Mundial, ele era reconhecido e premiado. Nessa época, o futuro ditador nazista começava a colocar em prática o seu desejo de tomar o poder ao concorrer à Presidência e, de acordo com o autor, teria ficado impressionado com a habilidade de Baur. A favor do piloto contavam a agilidade e a perícia em voos secretos e o talento para aterrissagens acachapantes frente a multidões, algo na medida para o teatro de poder do nazismo. Além disso, Baur era filiado ao Partido Nacional Socialista desde 1926.

Nos 13 anos em que serviu ao führer, o aviador conquistou a sua confiança – o ditador nazista chegou a ser padrinho do segundo casamento de Baur, que viveu 95 anos (morreu em 1993). O homem que se atrevia a chamar Hitler de “chef” e, algumas vezes, de “unser Vati” (nosso pai) foi, também, testemunha ocular de sua ruína. Nesse período da derrocada, era por meio de notícias da rádio londrina BBC que Hitler tomava conhecimento do avanço dos aliados e cabia a Baur editar as transmissões. Mais do que isso, o que surpreende no livro é que, mesmo submetido a dez anos de tortura como prisioneiro russo, Baur continuou defendendo o regime nazista. Teve a cara de pau de jurar que desconhecia o genocídio dos judeus, embora estivesse tão perto do responsável pelo extermínio de tantas vidas.  

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