chamada.jpg

No primeiro mandato de Lula, o agrônomo José Graziano da Silva foi o responsável pelo programa Fome Zero, inspirado no sonho de combate à fome do sociólogo Herbert José de Sousa, o Betinho. Mas o Fome Zero, apesar de suas boas intenções, teve um erro de origem. Logo se percebeu que o problema do Brasil não era a escassez de alimentos, mas sim a falta de renda. E o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome foi extinto em 2004, um ano depois da posse de Graziano. Embora malsucedido, o projeto foi o embrião da principal vitrine do governo Lula, o Bolsa Família, e Graziano, de alguma forma, também assumiu a paternidade do projeto. Agora, sete anos depois, o ex-ministro acaba de ser eleito diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), com a missão de reduzir a fome no mundo. Graziano foi o escolhido para comandar a FAO por dois anos e meio numa disputa acirrada entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. O brasileiro recebeu 92 votos contra 88 dados ao ex-ministro de Relações Exteriores espanhol Miguel Ángel Moratinos.

A eleição de Graziano foi uma grande vitória diplomática da presidente Dilma Rousseff. A conquista da FAO reforça o papel do País como representante do Hemisfério Sul nas instituições da ONU e aumenta a liderança e a influência brasileira em regiões mais pobres, principalmente na África. Mas a tarefa de Graziano não é fácil. Ele substituirá, a partir de 1º de janeiro de 2012, o senegalês Jacques Diouf, que permaneceu por 17 anos à frente da agência e deixa o órgão num momento em que a alta dos preços de alimentos se tornou uma preocupação global e passou a ser discutida nos principais foros internacionais. A FAO é criticada por seu excesso de burocracia e baixa eficiência.

José Graziano promete uma “nova era” para “acabar com a fome no mundo”. Diz que a entidade precisa estar preparada para enfrentar desafios como a instabilidade nos preços dos alimentos. Os países árabes, por exemplo, importam mais de 80% dos alimentos que consomem, contribuindo para a alta dos preços. “A especulação vai seguir afetando o mercado, até que os mercados financeiros se normalizem”, afirma. 

img.jpg

img1.jpg