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DESTINO
Uma missão a Marte pode durar até três anos

Com os planos da Nasa – além dos anunciados pelas agências espaciais europeia, russa e chinesa – de enviar uma missão tripulada até Marte por volta de 2030, a morte no espaço se tornou uma possibilidade factível. São pelo menos sete meses de viagem só para chegar até o planeta vermelho. Somados a volta e o tempo de permanência em solo marciano, são até três anos de jornada. O que fazer com o corpo de um tripulante que morrer no trajeto? O casal de ecologistas suecos Susanne Wiigh-Mäsak e Peter Mäsak desenvolveu um método alternativo ao enterro e à cremação – procedimentos impossíveis fora da Terra.

A tecnologia, batizada de Promessa, consiste em congelar o corpo, quebrá-lo em pequenos pedaços e então evaporar toda a água até que reste apenas um pó. De volta à Terra e sepultado, o que sobra se decompõe em até um ano e meio e pode servir como adubo para uma árvore ou arbusto em memória do morto. O método de sepultamento ecologicamente correto foi criado há dez anos – completados nesta semana – mas só recentemente foi adaptado, em parceria com a Nasa, para ser usado em missões espaciais.

Enquanto aqui na Terra usa-se nitrogênio líquido a 196oC negativos para congelar o corpo, no espaço ele é simplesmente colocado num caixão dobrável e posto para fora da nave com a ajuda de um braço mecânico. Uma hora é suficiente para que ele congele (leia detalhes no quadro abaixo). “Como a viagem para Marte só deve ocorrer por volta de 2030, teremos tempo para aperfeiçoar e simplificar o processo”, diz Peter Mäsak. “Não se pode deixar um corpo no espaço, ele pode colidir com algo e causar acidentes. Tampouco se pode enterrá-lo, ou, simplesmente, deixá-lo em outro planeta, contaminando o meio ambiente”, explica. A cremação também é impossível, já que não existe fogo sem oxigênio, gás inexistente no espaço.

Além de todo o processo tecnológico, um ritual fúnebre que se aproxime ao máximo dos que ocorrem em Terra consta no procedimento da Nasa. No espaço, porém, tudo não deve durar mais que 24 horas, para evitar o risco de contaminação da tripulação. Trazer os restos mortais de astronautas de volta é também uma forma de respeito à família, tradição e religião, entre outros fatores. Vale lembrar que, mesmo na guerra, o morto é levado para casa quando possível. Segundo especialistas, é importante que parentes e amigos tenham os restos mortais presentes, a fim de lidarem com o luto. 

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