Depois que o cineasta americano John Carpenter fez Halloween, no final dos anos 70, os filmes de terror nunca mais foram os mesmos. Adquiriram um tom debochado, cheios de piadas de humor negro e sequências em que o sangue jorra exagerado. De certa forma, o diretor inventou o que se convencionou chamar de horror trash. Os anos se passaram e Carpenter se tornou uma espécie de guru de bobagens repulsivas. Mas há aqueles que amam seus trabalhos com devoção religiosa. Para estes, o momento é de júbilo. Na sexta-feira 1º, estréia em São Paulo e no Rio de Janeiro Fantasmas de Marte (Ghosts of Mars, Estados Unidos, 2001), um legítimo John Carpenter. A ação se passa em 2025, quando os humanos colonizaram Marte depois que a Terra se tornou quase inabitável, teoria que o pessimista Carpenter acredita ser perfeitamente viável.

Mas seu filme não dá tempo para aprofundar teses catastróficas. É diversão cafona, com o diretor se esmerando em mostrar o planeta vermelho mais vermelho do que nunca. Quase tudo tem cor de sangue em Marte, convertido numa colônia de mineradores que mais parece uma sucursal do inferno. É neste lugar inóspito que a tenente Melanie Ballard – interpretada pela belíssima Natasha Henstridge, que fez

Bela Donna

, do brasileiro Fábio Barreto – vai caçar o criminoso Desolation, papel do rapper Ice Cube. Sua missão é interrompida quando uma escavação libera uma força fantasmagórica que vai se apossando dos corpos dos humanos. Os que não enlouquecem, se automutilam até a morte ou se transformam em guerreiros sanguinários liderados por uma espécie de gigantesco Marilyn Manson, o roqueiro gótico-heavy-metal que tem sido o pesadelo de pais de adolescentes. Todos, é claro, dispostos a não deixar um humano vivo para contar história. Como sempre existe um mal maior, Melanie e Desolation se unem para liderar uma batalha feroz contra os tais fantasmas, regada por um ensurdecedor rock pesado. Os adolescentes urram de safisfação. Então, pense bem antes de querer acompanhar seu filho ao cinema.