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DIVA
A atriz Grace Kelly, mulher do príncipe Rainier III:
musa de Hollywood e princesa de Mônaco
APRENDIZ
Charlene Wittstock, noiva do príncipe Albert II: ex-nadadora
olímpica prima pela elegância e discrição

Ela é linda, loira, dona de olhos verdes faiscantes, usa roupas diáfanas e tem uma elegância inata. Plebeia, não tem sangue azul correndo nas veias, mas parece ter nascido para ser princesa. Irá se casar com o príncipe de Mônaco, 20 anos mais velho, e terá como missão representar uma das monarquias mais charmosas e célebres do mundo. A história é muito parecida, mas a cinderela em questão é outra. A sul-africana Charlene Wittstock, 33 anos, trocará alianças com o príncipe Albert II de Mônaco nos dias 1o e 2 de julho e os olhos do mundo estão voltados para ela. Mais do que a escolha do vestido de noiva, os detalhes da cerimônia e a esperada cena do beijo, todos estão curiosos com o que virá depois do casamento. Afinal, a bela ex-nadadora tem a missão de substituir no imaginário popular mundial e no coração da população monegasca em especial a inesquecível princesa Grace, mãe de Albert, tão ou mais linda e loira do que ela, que se casou há 55 anos no mesmo principado com o príncipe Rainier III (1923-2005) e deixou o posto vazio em 1982, quando morreu num acidente de carro.

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GLAMOUR
Hotel Oyster Box (acima), na África do Sul, onde Albert II e Charlene (à dir.) passarão a lua-de-mel.
Abaixo, o príncipe com a mãe, Grace Kelly; o pai, Rainier III; e as irmãs, Caroline e Stéphanie

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A expectativa para as bodas em Mônaco agita a Europa, ainda sob a efervescência do enlace entre William de Gales e Kate Middleton, na Inglaterra. Apesar de a festa monegasca ter proporções menores e mais modestas do que a união britânica, pompa e circunstância estarão presentes na mesma intensidade. Na sexta-feira 1o, o casal formaliza a união civil, que deve ser acompanhada por seis mil pessoas em telões espalhados pelo principado. No dia seguinte, a cerimônia religiosa acontece no pátio principal do Palácio do Príncipe e será prestigiada por 850 convidados. O matrimônio poderá ser assistido pela televisão.

Mesmo que a festa seja irrepreensível, Charlene já sai em desvantagem na comparação com a sogra. Diva do cinema hollywoodiano, Grace Kelly representou um sopro de beleza e jovialidade para o pequeno prin­cipado na região da Riviera Francesa. A atriz americana nascera de pais plebeus do outro lado do Atlântico, mas possuía todas as qualidades necessárias para fazer parte da nobreza europeia. Aos 26 anos, com cabelos claros, olhos azuis e traços aristocráticos, ela era uma das mulheres mais belas e admiradas do mundo. Musa do diretor Alfred Hitchcock, abandonou uma promissora carreira no cinema para exercer o papel de esposa e mãe “com perfeição”, como afirmou o próprio Rainier III. Ao contrário da antecessora, Charlene é uma figura pouco conhecida fora da África do Sul, país em que passou boa parte de sua vida. Natural do Zimbábue e filha de um representante de vendas e de uma instrutora de natação de classe média, ela teve seu primeiro contato com a realeza em 2000. Então com 22 anos, foi até Mônaco para competir em um campeonato de natação, presidido por Albert II. Ela havia acabado de participar das Olimpíadas de Sydney, onde conquistara o quinto lugar. Desde o primeiro encontro, o príncipe teria se encantado por ela. O relacionamento só foi assumido, porém, seis anos depois, quando eles apareceram na cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno em Torino, na Itália. Em 2007, Charlene abandonou as piscinas e passou a se dedicar à transformação em princesa. Aprendeu a falar francês e o dialeto monegasco, estudou o protocolo da corte europeia e até mudou de crença. De protestante, aderiu ao catolicismo, religião oficial do principado.

Uma de suas principais características, no entanto, não precisou ser modificada. Charlene sempre foi considerada uma mulher discreta. No seu currículo amoroso não constam episódios constrangedores ou polêmicos, ao contrário do noivo. Conhecido pela fama de namorador, Albert II teve diversos relacionamentos casuais, especialmente com modelos e atrizes. A constante negação ao matrimônio também levantou suspeitas sobre sua orientação sexual. Apesar disso, seus maiores escândalos vieram à tona pouco depois de ascender ao trono. Após a morte de Rainier III, em 2005, o príncipe assumiu a paternidade de duas crianças, frutos de casos esporádicos (leia quadro). Os dois herdeiros, embora tenham direito à herança da família Grimaldi, cujo patrimônio alcança mais de US$ 2,5 bilhões, não são considerados legítimos. Segundo a Constituição de Mônaco, só um filho nascido de um casamento oficial está apto a governar o Estado. Para o sociólogo Marcello Barra, da Universidade de Brasília (UnB), a sucessão ao trono pode ter motivado o enlace entre Charlene e Albert II. “Assim como Rainier III precisava gerar herdeiros legítimos, Albert II também procurou uma esposa jovem com quem pudesse ter filhos”, diz Barra. “A principal preocupação das famílias reais é manter seu status quo e isso é conseguido através da continuação de sua linhagem.”

Além de desempenhar o papel de progenitora do tão aguardado filho legítimo de Albert II, a sul-africana também será responsável por manter a aura de glamour e sofisticação do principado incrustado no sul da França, conhecido por ser um paraíso fiscal e por abrigar mansões de multimilionários. “Nos anos 1950, coube a Grace Kelly a tarefa de devolver o brilho perdido a Mônaco”, diz Eduardo Oyakawa, professor do curso de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Agora, Charlene terá de demonstrar muito carisma e elegância para segurar o posto que uma vez pertenceu à sogra.” As duas têm em comum a beleza formal e a aprovação dos súditos monegascos, mas Grace Kelly levava vantagem por seu prestígio internacional. “Afinal, o que é mais encantador do que ser uma celebridade de Hollywood? Só ser princesa.”

Charlene também divide com a sogra o gosto pela moda. Enquanto Grace Kelly desfilava elegantes vestidos de estilistas como Christian Dior e Balenciaga, a musa sul-africana já declarou ser fã do trabalho de Karl Lagerfeld, diretor criativo da Chanel. O estilista também tornou pública sua admiração por Charlene e apostou que ela se tornará um ícone de estilo. Seja pelo elogio, ou não, Lagerfeld está incluído na restrita lista de convidados do casamento real, que ainda conta com Jean Todt, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e toda a família real da Suécia. A assinatura do vestido de noiva é mantida em sigilo. No dia do casamento, depois de trocarem alianças, Albert e Charlene seguirão para a Capela de Sainte-Dévote, onde a noiva deve deixar seu buquê, uma tradição dos Grimaldi. No caminho, o casal poderá ser visto pelos súditos, durante uma procissão. À noite, um jantar será oferecido aos convidados pelo chef francês Alain Ducasse, quando servirão pratos da cozinha mediterrânea e sul-africana. De lá, Charlene sairá princesa. Resta saber se conseguirá se tornar uma diva. 

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