Nem bem o governo acomodou a crise com a saída do ministro Palocci, a conta foi apresentada pelo partido aliado, PMDB, que se julga o guardião da estabilidade política.
O vice-presidente, Michel Temer, liderou a caravana de pedintes peemedebistas e mostrou um apetite pelo poder que tem incomodado o Planalto.
A nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, encarregada de recolher as demandas, se viu encurralada por pressões de parlamentares impacientes que exigem cargos, liberações de verbas e maior participação nas decisões do Executivo. E querem tudo para já, sob pena de a presidente Dilma ficar desamparada no Congresso e ter problemas em votações futuras. A chantagem foi lançada abertamente por líderes do PMDB.
Na visão desses senhores, o partido que disputou a eleição e saiu vitorioso junto com a presidente tem direito a “cogestão”. Na ponta do lápis, exigem agora 48 cargos de segundo e terceiro escalões e liberação imediata de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões em emendas espetadas no Orçamento da União no final do ano passado. Foi dado até um ultimato: a ministra Ideli teria 20 dias, a contar da semana passada, para resolver os postos do segundo escalão a favor do PMDB. A principal reivindicação é uma vice-presidência do Banco do Brasil para o ex-governador da Paraíba José Maranhão. E o apoio da base ainda estaria condicionado à concessão do dinheiro dos projetos regionais. Nesse pormenor, a contraproposta oficial é de R$ 1 bilhão no curto prazo. O total dos empenhos partidários estava até aqui bloqueado devido ao corte de R$ 50 bilhões promovido nas verbas orçamentárias. A turma do Temer quer que esses recursos saiam antes das eleições municipais de 2012, a tempo da prática de benfeitorias que cativem eleitores. Temeroso de deixar a gestão Dilma nas mãos dos fisiológicos peemedebistas, o ex-presidente Lula resolveu agir. Há alguns dias, participou de um encontro do PT para pedir apoio absoluto e incondicional a sua protegida.
Dilma, que foi ungida ao cargo pelo mais amplo leque de alianças jamais costurado até então, enfrenta o teste decisivo de resistir à barganha rasteira e evitar a ameaça de um governo refém dos seus aliados.


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