A idéia por trás de qualquer seleção que se preze é refletir menos o gosto de quem a elabora e apresentar mais um panorama do assunto abordado, de oferecer um cardápio de referências ou até mesmo de servir para despertar interesse nos menos informados. Todas estas funções foram muito bem cumpridas na compilação 100 anos de poesia – um panorama da poesia brasileira no século XX (O Verso Edições, volume 1, 226 págs., e volume 2, 228 págs., R$ 65), de Claufe Rodrigues e Alexandra Maia, que se dizem coordenadores editoriais em vez de organizadores. Partindo de listas feitas por 20 personalidades ligadas à poesia e à literatura, os dois não se limitaram a relacionar nomes e obras. Acrescentaram perfis, cronologias e biografias e ilustraram a edição com fotos, capas das primeiras edições e reproduções de manuscritos. Ao listar as grifes clássicas de Augusto dos Anjos e Olavo Bilac, dos “contemporâneos” Paulo Leminski e Vinicius de Moraes e dos obrigatórios Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Mario Quintana, a dupla também se empenhou na revelação de poetas menos conhecidos, como Francisca Júlia, a única mulher a se destacar no parnasianismo brasileiro, ou que exercitam sua arte fora do eixo Rio-São Paulo, entre eles os maranhenses H. Dobal e Nauro Machado. E ainda arejaram a coletânea colocando artistas identificados com a música, caso de Cacaso, Capinam, Waly Salomão e Arnaldo Antunes.