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GESTÃO DE CRISE Dirceu e Eva: primeiro conselho foi ir à festa de Lily Marinho

A té pouco tempo atrás era raro ver o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu circulando por festas, encontros sociais ou qualquer evento que não estivesse ligado intimamente aos bastidores políticos do PT.

Isso, no entanto, está mudando. De uns meses para cá, Dirceu decidiu que é chegada a hora de voltarà cena pública. É cada vez mais visto em festas da alta sociedade paulistana e carioca, eventos que pouco têm a ver com a política.

Recentemente, participou até de um convescote na casa da viúva daquele que para muitos petistas foi o algoz de Lula nas eleições de 1989, o jornalista Roberto Marinho, na época ainda à frente da Rede Globo de Televisão.

Por trás dessa mudança, que envolve também maior cuidado com o físico e o guarda-roupa, está Evanise Santos, namorada de Dirceu desde 2003, uma relações-públicas de Brasília que pretende agora se especializar em gerenciamento de imagem de políticos e empresas.

Eva, como é conhecida pelos amigos próximos, está deixando em segundo plano a organização de cerimoniais, sua especialidade, para se tornar uma estrategista. “Chamam de administração de crises. Essa é a área em que eu quero me especializar, que eu gosto”, disse Evanise em entrevista à ISTOÉ.

A presença de Dirceu na festa na mansão de Lily Marinho, no dia 15 de outubro, foi parte desse esforço de “reposicionamento de marca” que Evanise está promovendo no namorado. O evento, que reuniu 50 pessoas escolhidas a dedo, foi para comemorar a eleição de Francis Bogossian à presidênciado Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Foi Eva quem convenceu Dirceu a participar da festa de Lily. “Vocêprecisa alimentar as boas relações”, costuma repetir ela como um mantra. Graças à influência de Eva, Dirceu também suavizou a imagem sisuda dos tempos da Casa Civil. Fez implante capilar, está remoçado, fazendo ginástica e até jogando futebol.

“É preciso alimentar as boas relações”
“Há ônus e bônus em ser a mulher do Zé Dirceu”
“Agora quero me especializar em gestão de crises”
“Tenho boa relação com os tucanos”

Evanise Santos

Tem atuado como meia. Esquerda, claro. Evanise é uma pessoa extrovertida, porém discreta. Sem fazer alarde, ela deixou para trás, em 2008, 23 anos de funcionalismo público para fundar a empresa de consultoria Kairós. Trabalhava como coordenadora de relações públicas do Palácio do Planalto, mas, incentivada por Dirceu, ousou entrar de cabeça num setor já bastante concorrido, o de cerimoniais.

Promoveu três grandes eventos, entre eles o fórum “Novos Líderes”, em Porto de Galinhas (PE), e o lançamento do jornal “Brasil Econômico” em São Paulo, numa cerimônia orçada em mais de R$ 400 mil.

Para se aprimorar na nova função, Evanise, embora mulher de um petista de quatro costados, não leva em consideração a coloração partidária. Tem se aconselhado com uma das empresárias de maior sucesso do ramo da comunicação, Bia Aydar, da agência de publicidade MPM. Bia, além de trabalhar para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi responsável pelos eventos públicos da campanha presidencial de José Serra (PSDB), em 2002.

“Tenho boa relação com os tucanos. Eu e Bia trocamos muita figurinha”, conta ela, que também trabalhou no cerimonial de FHC. Além de Bia, um dos seus principais conselheiros é o jornalista Mário Rosa, que deixou o dia a dia das redações para se transformar num dos mais requisitados consultores de imagem em atividade no Brasil. As viagens ao lado do consultor Zé Dirceu lhe renderam importantes contatos além-mar e introduziram Evanise no milionário ramo dos negócios internacionais.

Conforme apurou ISTOÉ, em outubro ela soube que a empresa Poliedro Informática havia conseguido o registro de um aparelho para monitorar epidemias, como a dengue e a malária. Do tamanho de um celular, o produto identifica rapidamente as espécies de mosquito. A mulher de Dirceu resolveu, então, procurar os donos da empresa em Brasília para intermediar a venda do produto para Moçambique, na África, continente muito visitado pelo ex-ministro da Casa Civil nos últimos anos.

“Trata-se de um investimento internacional”, confirmou Evanise, confrontada com a informação obtida pela reportagem de ISTOÉ. “Tenho relações com empresários de Moçambique. O produto tem tudo a ver com a África, onde a questão da malária é forte”, justificou. Embora pessoas ligadas ao PT digam que Eva tem ajudado muito Dirceu nessa área, ela nega: “Foi um fato isolado. Não é muito o meu perfil”, minimiza. Nas novas empreitadas, Eva não teme a associação de seu nome com o do ex-ministro e homem forte do governo Lula.

Os dois se conheceram em 2003, quando ela ainda trabalhava na área de comunicação do Ministério dos Transportes. “Sei que é difícil separar as coisas. Muitas pessoas só se referem a mim como mulher do Zé Dirceu. Estou ciente de que há o ônus e o bônus”, diz. Um dos ônus foi ter seu nome citado no relatório da Operação Satiagraha. Num diálogo, interceptado pela Polícia Federal, Evanise marca um encontro do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh com Dirceu num hangar da TAM.

A PF sugere que, na conversa, ambos tratariam da investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas. “Evanise Santos é minha namorada e nessa condição foi procurada por Greenhalgh”, disse Dirceu na ocasião. Uma das vantagens de estar ao lado de uma pessoa como Dirceu é poder comemorar, duas vezes, com pompa e circunstância, mais um ano de vida. Eva completou 42 anos no dia 29 de outubro. Como parte dos festejos pelo aniversário, o casal passou o feriado de Finados em Machu Picchu, no Peru, onde se hospedou no hotel Sanctuary Lodge, situado em frente às ruínas do lugar. O local foi sugerido por uma astróloga brasiliense.

A segunda comemoração um jantar chinês ocorreu numa casa no Lago Norte, área nobre da capital federal. Pelo visto, festas são mesmo o forte do receituário da nova marqueteira.