Confira um trecho da série "Traidores", que estreia na terça-feira 7 no canal Discovery Home & Health :

 
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PESADELO
Há a traição sexual e a sentimental ? essa é a mais difícil de contornar

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Bethany e Ace se conheceram meses depois de completarem o ensino médio. Foi amor à primeira vista. Logo começaram a namorar e, em pouco tempo, se casaram. Passados quatro anos, tiveram a primeira filha. O casamento, então, desandou. Bethany teve depressão pós-parto e Ace, sem saber como ajudá-la, se concentrou no trabalho de locutor ? chegava a passar 15 horas por dia ao microfone. Foi quando Kristy foi contratada para ser sua dupla de estúdio na rádio onde ele trabalhava. Simpática, bonita, mãe solteira, ela despertou instantaneamente a simpatia do locutor, que detectou na jovem vários traços de afinidade. Nova na cidade, Kristy não tinha com quem deixar a filha. Bethany, ainda se recuperando da depressão pós-parto, resolveu ajudar e se ofereceu para cuidar da menina. Não foi preciso muito tempo, nem esforço, para que Kristy e Ace engatassem um relacionamento extraconjugal. Bethany mal sabia que estava cuidando da filha da amante de seu marido.

Esse pesadelo é um dos muitos casos verídicos relatados por uma nova série do canal de televisão fechado Discovery Home & Health, que se dispôs a investigar um assunto que nunca sai de moda: a infidelidade conjugal. A história do casal descrita acima se passou nos Estados Unidos, mas o drama é universal ? não são poucos os estudos que mostram quanto a questão é importante para nós brasileiros. Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Datafolha, por exemplo, apontou que a fidelidade é a qualidade mais valorizada em um relacionamento, à frente, por exemplo, de amor, honestidade e filhos. Ainda assim, segundo números da antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro ?Por que Homens e Mulheres Traem??, 60% dos homens e 47% das mulheres dizem já ter sido infiéis pelo menos alguma vez na vida. Mas, se valorizamos tanto a fidelidade, por que traímos tanto?

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Dar uma resposta definitiva para todos os casos é impossível, garantem os especialistas. Mas traçar, de maneira ampla, o perfil de quem trai já é viável, usando como base os relatos de traidores e traidoras. O psiquiatra Flávio Gikovate, com 41 anos de clínica e 30 livros publicados, arrisca uma classificação baseada nos dois tipos de personalidade que ele criou para sistematizar seus estudos. Para ele, nos dividimos entre pessoas egoístas e generosas ? e uma não é necessariamente melhor que a outra. Agimos de maneira relativamente coerente dentro desses perfis, traímos de maneiras distintas e temos características reconhecíveis (leia quadro na página 95). ?Me chamam de maniqueísta, mas essa é uma ferramenta simples e que funciona?, defende-se.

Dentro dessa lógica, o egoísta é quem tem mais chances de trair. Entre os homens, ele é o cafajeste e, entre as mulheres, ela seria o tipo vulgar. Mas a traição dos egoístas tem um lado positivo ? ela costuma ser apenas sexual. O envolvimento é quase exclusivamente físico e, portanto, fácil de ser contornado. O mesmo não pode ser dito da traição dos generosos, que costuma ser do tipo sentimental. Envolvidos emocionalmente, eles se entregam de maneira muitas vezes irreversível. ?Conversar sobre expectativas e necessidades antes de casar é uma forma de diminuir as chances de ter de lidar com esse tipo de problema no futuro?, lembra o psicanalista Theodor Lowenkron, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mas o fantasma da traição continuará entre nós. Até para os que se julgam acima do bem e do mal, há os casos de infidelidade circunstancial, que não distinguem entre perfis e tipos de traição. Essas simplesmente acontecem por uma série de facilidades que se descortinam eventualmente ? um lugar longe de casa, uma companhia paga, a solidão de um quarto de hotel. Nessas situações, esconder, no caso do traidor, ou ignorar, no do traído, pode ser o melhor remédio. ?É o que alguns chamam de masturbação terceirizada?, brinca Gikovate.

Mas, uma vez descobertos, sempre nos sentiremos tentados a explicar e contornar. Entre os homens, uma das desculpas que fazem mais sucesso é a de que seria da natureza masculina ter mais de uma mulher. ?Não é verdade?, sentencia a antropóloga Mirian. ?Não é da nossa natureza usar roupa em dia de calor, mas usamos?, afirma ela. Enveredar pela seara das justificativas que usam a falta de atenção, carinho e interesse, apesar de mais doloroso, é melhor. A crise pode servir de estímulo para uma discussão séria e definitiva sobre os rumos de um relacionamento. Foi o que aconteceu com Bethany e Ace. Depois de uma tentativa de divórcio, muita briga e terapia conjugal, os dois se entenderam e comemoraram 25 anos de casados, já com duas filhas. ?A gente perdoa, mas não esquece nunca?, diz Bethany. Marcas de um casamento real.

 

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