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Se existe uma saga cinematográfica em que as sequências não deixam a desejar é a dos X-Men, super-heróis que têm a particularidade de ser literalmente mutantes. Em seu quarto episódio, “X-Men – Primeira Classe”, em cartaz no Brasil, as origens do grupo são reveladas, ou seja, conta-se como a legião se formou – é o que hoje em Hollywood se chama de “prequel” (preâmbulo). A boa saída encontrada pelo roteirista e produtor Bryan Singer ao narrar a juventude da turma de poderes sobre-humanos foi buscar um pano de fundo coerente com a idade dos personagens. “Avaliei que por terem 20 anos o correto seria situar essa época nos anos 1960”, disse em recente entrevista. É bom lembrar que foi nesse período que ficaram tensas as relações entre os EUA e a União Soviética – a chamada Guerra Fria. E Singer lançou mão desse momento para contar uma das mais eletrizantes aventuras da série.

No filme, os X-men – tendo à frente Professor X (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) – aparecem diretamente envolvidos com a crise dos mísseis, o impasse político que opôs as duas grandes nações do mundo diante da concordância de Cuba em abrigar uma base russa em 1962. Só que o imbróglio não foi decorrente do avanço dos EUA na Turquia, mas de uma manipulação do nazista Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um mutante alemão que se beneficiaria da energia nuclear gerada por uma Terceira Guerra Mundial. Essa mistura de fatos reais e fantasia é um exemplo da chamada “alternate history” (história alternativa). Outro caso recente se deu em “Bastardos Inglórios”, filme em que Quentin Tarantino inverte os compêndios escolares e dá aos judeus a vitória na Segunda Guerra Mundial.

O gênero alternate history é muito frequente nas histórias em quadrinhos e aparece em algumas aventuras do Capitão América, por exemplo. Esse super-herói foi criado justamente na Segunda Guerra e já na edição número 1 aparece dando um soco em Adolf Hitler – a cena está na capa do gibi. Mais recentemente os ataques do 11 de Setembro foram usados nas revistas da Marvel Comics e, mesmo que os heróis não tenham impedido o atentado às Torres Gêmeas, sua ação está por trás do resgate dos sobreviventes e da reconstrução da parte afetada de Nova York. No caso de “X-Men”, a apropriação de fatos reais não ficou só na crise dos mísseis. A fuga de oficiais nazistas para a Argentina também é citada e tem como destino a cidade litorânea de Villa Gesell. De fato, muitos nazistas refugiaram-se no país, sendo o mais notório deles o coronel da SS Adolf Eichman, localizado nos arredores de Buenos Aires. Os argentinos, contudo, não gostaram da forma como o assunto foi abordado no filme, já que Villa Gesell se assemelha a Bariloche, uma cidade serrana. Entre fantasias e acontecimentos históricos, a única certeza no final da aventura é que o Professor X e sua turma – Magneto, Mystique, Fera e Noturno – vão aumentar ainda mais o faturamento da franquia, hoje em torno de US$ 1,5 bilhão.

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