img.jpg
CONTRAPARTIDA
Captura de Mladic era uma das condições para a
entrada da Sérvia na União Europeia
 

Foragido há 16 anos, o general Ratko Mladic, ex-líder do Exército sérvio-bósnio, foi preso na madrugada da quinta-feira 26 em um vilarejo a apenas 80 quilômetros de Belgrado, a capital da Sérvia. Com a aparência debilitada e um braço paralisado devido a um derrame cerebral, Mladic pouco lembrava a última imagem pública de um dos criminosos de guerra mais procurados do mundo. No Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, ele é acusado de 15 crimes, inclusive genocídio, por comandar o massacre de Srebrenica em 1995, no qual morreram oito mil homens e meninos muçulmanos. “Colocamos um ponto-final num período difícil de nossa história”, afirmou o presidente sérvio, Boris Tadic, ao anunciar a prisão de Mladic. “Em breve, Goran Hadzic também será preso”, completou, referindo-se ao antigo líder político dos rebeldes sérvios na Croácia, o último foragido entre os 161 acusados pelo tribunal sediado em Haia.

A prisão de Mladic representa a eliminação de um forte entrave para a integração da Sérvia à União Europeia. Os países do bloco vêm se recusando a aceitar a Sérvia na União Europeia pela convicção de que suas lideranças fornecem proteção a criminosos de guerra. A própria trajetória de Mladic confirma a suspeita europeia. Embora seja considerado foragido desde 1995, o ex-comandante militar frequentou restaurantes e estádios de futebol durante boa parte desse período. Até 2002, ele recebia pessoalmente a aposentadoria. Sua situação só começou a mudar dois anos depois, com a eleição de Tadic à Presidência e a determinação de seu país em entrar para a União Europeia. Coincidência ou não, a captura de Mladic aconteceu quando a chefe de política externa do bloco europeu, Catherine Ashton, visitava a capital sérvia.

Aos 69 anos, Mladic foi encontrado na casa de um familiar, no vilarejo de Lazarevo, de três mil habitantes. Não usava disfarces, mas portava documentos em nome de Milorad Komadic. Levado para Belgrado, ele deve ser extraditado nas próximas semanas para o tribunal de Haia, onde reencontrará o antigo companhei­ro Radovan Karadzic. Ex-presidente da República Sérvia da Bósnia, Karadzic é também acusado de envolvimento ­direto no massacre de Srebrenica.  

g.jpg