27/05/2011 - 21:00
DISCOTECA
Fabio Dean com sua coleção de vinis raros:
média de 80 novas aquisições por ano
Eles transformam a paixão pelos velhos LPs em um promissor mercado. Os caçadores de discos raros não se importam em gastar milhares de reais por um vinil antigo e original. O funcionário público paulista Fábio Dean, 34 anos, é um deles. Dono de uma coleção de mais de três mil títulos, ele só se interessa por raridades. Quanto mais difícil de achar, melhor. “O apelo da coleção está vinculado à exclusividade das peças”, argumenta o proprietário de uma das maiores preciosidades nacionais, “Paêbirú” (1975), lendário álbum de rock psicodélico de Zé Ramalho e Lula Côrtes, que pode chegar a custar R$ 6,5 mil se for autografado.
Os caçadores de vinil não têm medo de investir um bom dinheiro no hobby e costumam comprar mais de uma cópia do mesmo disco para ter uma moeda de troca com outros apaixonados pelos LPs. Embora não revele quanto gaste, o paulista Dean conta que adquire entre 60 e 80 LPs por ano. “Meu pai era dono de uma loja de discos, então tenho um acervo que uso em trocas”, despista. Seu “Paêbirú” autografado foi encontrado na loja Baratos Afins, em São Paulo. O número reduzido de cópias, a história do álbum e o contexto atual compõem o preço. “O rock psicodélico está em alta agora e, com a morte de Lula Côrtes (em março), o culto a ‘Paêbirú’ cresceu mais ainda”, explica Luiz Calanca, da Baratos Afins. Além disso, das 1,3 mil cópias produzidas, mil se perderam numa enchente no Recife em 1975, o que contribuiu para alimentar a lenda em torno da obra.
O primeiro disco de Roberto Carlos, “Louco por você”, de 1961, é outro tesouro – vale R$ 3,5 mil na internet. O exigente Rei nunca permitiu o relançamento do álbum, que não vendeu bem na época e mistura bossa nova, bolero e rock. Por quê? “Você vê que ele era um cara perdido, em início de carreira, que não sabia o que gravar”, arrisca Paulo Eduardo de Pierro, dono da loja Vinil Forever, em São Paulo. Para os caçadores de vinil, são detalhes pequenos que em nada diminuem a paixão por uma obra rara.
