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O MUNDO EM FOCO
Violoncelista em Kinshasa, no Congo

Às vezes, o impacto está na própria cena: ela é tão forte que transforma a foto em algo incontornável.
O oposto também acontece. Não há nada de excepcional no objeto fotografado, mas o autor consegue enquadrá-lo de tal maneira que a beleza reside na forma como ele viu a cena à sua frente. É a velha história da pessoa certa, no lugar certo, na hora certa, diante de um acontecimento único, que não se repete. Também aqui, o contrário se manifesta e não são poucos os fotógrafos que fazem da paciência a arte de seu ofício. A entidade holandesa World Press Photo leva tudo isso em consideração quando premia anualmente as melhores imagens de fotojornalismo captadas por lentes de profissionais ou amadores. Em sua 54ª edição, essa espécie de Oscar da fotografia selecionou 177 trabalhos que viajam o mundo em uma exposição. Até o dia 19 de junho a mostra pode ser vista na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Depois vai para Brasília. Com segmentos dedicados ao noticiário, esporte, artes, natureza e retratos, a seleção atual tem a tragédia como viés. O saldo reproduz um ano em que teve terremoto no Haiti e no Chile, enchentes no Paquistão, vazamento de petróleo no Golfo Pérsico e muitas convulsões políticas – mas também acontecimentos poéticos ou flagrantes prosaicos como o de uma violoncelista congolesa praticando seu instrumento.

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Manifestante camisa vermelha na Tailândia

Com o retrato da jovem que teve o nariz cortado por um talibã, no Afeganistão, a fotógrafa sul-africana Jodi Bieber ganhou o prêmio máximo. É uma das fotos de impacto. “Essa quantidade de imagens fortes talvez se explique pelo fato de o mundo atravessar um período especialmente conturbado”, diz Flavia Moretti, representante da organização no Brasil. Alexandre Vieira, do jornal carioca “O Dia”, é o único representante nacional no evento. Ele recebeu a menção honrosa com o flagrante de um tiroteio em plena luz do dia na avenida Brasil, uma das principais vias do Rio de Janeiro. Voltava de uma reportagem quando ouviu os tiros e pediu que o motorista parasse o carro. “Não deu tempo nem de pensar”, afirma Vieira, que já havia sido indicado ao World Press Photo em 2009 na mesma categoria, “Notícias em Destaque”.

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Luta livre feminina na Bolívia

Além das fotos profissionais, essa edição do prêmio também deu destaque a imagens tiradas por amadores. Incluiem-se nessa categoria as 12 fotos feitas pelos mineiros chilenos presos na mina em São José, que receberam menção especial. “É um reconhecimento da importância do cidadão comum reportando fatos que interessam a todo mundo em um lugar onde o fotógrafo não pode estar presente”, explica Marizilda Cruppe, integrante do júri composto de 21 profissionais. Outro destaque é o exercício de paciência do fotógrafo alemão Michael Wolf, que percorreu o mundo pelas câmeras do Google Street View atrás de cenas curiosas. Batizada de “Uma série de eventos infelizes”, as imagens revelam cenas pitorescas, como um casal de velhinhos caído no chão, tombos de bicicleta e uma suposta briga entre marido e mulher. Foi outro trabalho que ganhou menção honrosa e mostra a tendência da World Press Photo em se atualizar com as novas tecnologias.

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Jovem com a tocha na abertura dos jogos olímpicos juvenis em Cingapura