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AJUDA
Há oito meses, Diego Hypólito tem um psicólogo:
“Aprendi a lidar com as minhas inseguranças”, diz

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Os resultados positivos alcançados em competições internacionais mostram como os atletas olímpicos do Brasil se aperfeiçoaram fisicamente nos últimos anos. Mas pelo menos uma parte do corpo dos competidores brasileiros, no entanto, não acompanhou essa evolução: a cabeça. Na última Olimpíada, em Pequim, os torcedores assistiram a cenas de descontrole emocional explícito em várias modalidades. O choro dos ginastas Diego Hypólito, Jade Barbosa e da jogadora de vôlei Renata depois de resultados desfavoráveis em 2008 tornou evidente a falta que faz o apoio psicológico aos desportistas de alto nível – a delegação brasileira não tinha um profissional sequer, enquanto a dos Estados Unidos tinha 49. De lá para cá, as mudanças nesse quadro foram pequenas. A principal providência do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) foi colocar o serviço à disposição de 13 atletas do Rio de Janeiro, através de convênio com a prefeitura. “Eu tinha preconceito com isso, achava que só maluco precisava”, conta Hypólito, que passou a contar com psicólogo há oito meses. “Aprendi que não sou super-herói e a lidar melhor com as minhas inseguranças.” A maioria dos atletas, porém, continua sem poder lançar mão da psicologia em sua preparação para competições como o Pan de Guadalajara ou a Olimpíada de Londres.

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte e presidente da associação paulista, João Ricardo Cozac critica a postura do COB. “É uma barbaridade pensar que atletas que hoje têm 14, 16 anos vão chegar à Olimpíada de 2016 com uma enorme responsabilidade e sem um trabalho psicológico para apoiá-los”, reclama. Especializado na área esportiva há 21 anos, Cozac atende em seu consultório 27 competidores de nível internacional que bancam seu atendimento com recursos de patrocinadores ou da família. Procurada por ISTOÉ, a diretoria do comitê enviou nota em que cita a realização de cursos e seminários e o apoio aos atletas do Rio como exemplos de que se preocupa com o lado emocional dos esportistas. Sobre a ausência desses profissionais nas delegações que vão a competições internacionais, o COB alega que o atendimento psicológico tem melhores resultados quando feito com frequência regular, nas confederações, “e não apenas (…) quando os atletas estão sob a responsabilidade do COB”. Como mostram os americanos, grandes potências esportivas têm outra visão.

Algumas vezes, o próprio atleta toma a iniciativa de cuidar da cabeça. Desde 2008, quando voltou de Pequim, Jade Barbosa tem apoio de um psicólogo pago por ela. “Isso me ajudou muito, sou outra pessoa”, diz. Outros competidores, no entanto, não acham necessária essa ajuda. “Reconheço que pode ser importante para alguns atletas, mas não acho necessário para mim”, diz a saltadora Fabiana Murer. A torcida é para que, num segmento em que cada detalhe pode fazer a diferença entre a vitória e a derrota, seja dado a todos o direito de optar. 

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