Neste verão, as academias de ginástica capricharão ainda mais no toque zen. Vários desses estabelecimentos incluíram aulas nas quais o som bate-estaca cede lugar a músicas suaves e movimentos muito mais lentos do que os habituais. A oferta de maior número de atividades que mexem não só com o corpo mas também com as emoções é uma resposta às exigências dos próprios alunos. Cada vez mais, quem malha quer ir além dos músculos. Deseja sair das sessões de exercícios físicos com a mente equilibrada e uma deliciosa sensação de bem-estar.

Em São Paulo, a Runner – uma das maiores da cidade – inaugurou há cerca de um mês uma aula de automassagem. O objetivo é ensinar os praticantes a conhecer melhor o corpo e corrigir eventuais desvios de postura. Durante 45 minutos, os alunos exploram as estruturas de braços, pernas e barriga. Como instrumentos, eles usam as mãos ou recorrem a outros recursos. Entre eles, estão bolinha de tênis, bastões e aquatubos (mais conhecidos como espaguetes). Os exercícios são feitos sozinhos ou em dupla. Antes de entrar oficialmente na grade de aulas, a automassagem foi testada durante três meses. A aceitação foi enorme. Em média, 15 a 20 pessoas participavam das sessões.

Há duas semanas, outra grande academia da capital paulistana, a
Bio Ritmo, colocou à disposição o Bio Mind Circuit. São 45 minutos
da mais autêntica malhação zen. Os alunos são convidados a passar
por várias estações nas quais terão de exercitar sua flexibilidade, caprichar no relaxamento e aprender a manter uma respiração correta. Para isso, contarão com a ajuda de bastões e artefatos como o fitflex, uma espécie de banco desenvolvido especialmente para facilitar o alongamento. O circuito também foi criado para que os praticantes conheçam as reações do corpo durante a execução dos movimentos.
“As pessoas estão procurando ampliar sua consciência corporal”,
conta Maria Cláudia Vanícola, uma das idealizadoras da aula, em
conjunto com Adriana Cognolato.

Mistura – No Rio de Janeiro, as altas temperaturas da próxima estação serão um incentivo a mais para os praticantes da hyowa, uma versão mais light da velha hidroginástica. Inventada pelo professor de educação física José Cléber de Oliveira Souza, a modalidade combina em uma só aula os conhecimentos de respiração e concentração da yoga, que servem para aumentar o fluxo de energia e oxigenação do corpo, com as técnicas de alongamento e massagem do watsu (shiatsu dentro d’água). Seu nome se deve a essa combinação (h de hidroginástica, yo de yoga e wa de watsu). De acordo com o professor, os principais benefícios são as melhorias das condições cardiorrespiratórias, mobilidade articular, coordenação motora, combate à insônia e ao stress, além de alongamento e tonificação muscular. As aulas se baseiam no aquecimento das articulações, no trabalho de resistência muscular localizada, em alongamentos e em correções de postura. Elas são praticadas em piscinas aquecidas, com temperatura em torno dos 30 graus, e em silêncio. “O nosso fundo musical é o barulho da água. O exercício deve ser feito com tranquilidade”, argumenta Souza. Para quem olha de fora, a impressão é de uma atividade que não exige força, mas não é o que dizem os frequentadores das aulas. “Embora não pareça, equilibrar-se dentro da piscina exercita muito o corpo”, afirma a publicitária Ana Cristina Ribeiro de Carvalho, 44 anos, uma das praticantes. “Sinto-me dançando balé e meditando dentro d’água”, diz.

Os adeptos da curiosa ginástica integral bambu, novidade nascida em Brasília, também já sabem que buscar o equilíbrio não se trata de linguagem figurada. O método, desenvolvido pelo professor de educação física Marcelo Branco, envolve exercícios sobre barras, pranchas e aparelhos especiais, todos feitos de bambu. Alguns estimulam a veia circense dos praticantes. Estudioso das atividades de origem oriental e dos movimentos corporais exercidos na dança e no teatro, ele levou quatro anos para montar o circuito da ginástica. Em alguns momentos, o praticante deve se pendurar em barras diagonais. Noutros, andar sobre um bambu suspenso e saltar sobre varas seguindo um ritmo musical. Segundo Branco, os alunos superam medos, exercitam a flexibilidade e encontram relaxamento na modalidade, bem distinta do que se costuma ver por aí. “O princípio desta ginástica é a inteligência corporal. Qualquer programa pode trabalhar a força, mas neste caso a pessoa aprende a adaptar seus movimentos às situações”, diz o professor. Dessa forma, o treinador acredita oferecer uma atividade divertida e criativa.