No Brasil de hoje, só existe um fator que pode fazer balançar a popularidade da presidente Dilma.

E se chama inflação. Pois bem: um governo que baixa por decreto o preço dos combustíveis, num momento em que o petróleo dispara no mundo, sinaliza que algo vai mal. Na semana passada, a BR Distribuidora determinou uma redução de 13% no preço do álcool e de 6% no da gasolina, que poderá ser repassada ou não aos consumidores, dependendo da boa vontade dos donos dos postos.

Maravilha. Ninguém, em sã consciência, pode ser contra combustível mais barato. O problema é que o governo decidiu usar mecanismos heterodoxos para tentar controlar uma inflação que já foge da meta – em 12 meses, ela está em 6,51%, acima da margem da tolerância do Banco Central. Como a economia brasileira continua aquecida, o risco de que continue avançando é real. E o BC abriu mão do instrumento tradicional, que é a política monetária, para enfrentá-la. Hoje, as armas anti-inflacionárias são o real forte e distorções nos sistemas de preço, como o governo acaba de demonstrar no caso da Petrobras.

Claramente, não há no Banco Central um xerife que transmita a mesma credibilidade do passado. O atual presidente, Alexandre Tombini, não tem a força nem a independência de Henrique Meirelles. Age, claramente, subordinado ao ministério da Fazenda. Não bastasse isso, o BC tem se complicado nas intervenções recentes relacionadas a instituições financeiras. No início de maio, Tombini enfrentou sua primeira crise bancária. Dois bancos médios, o Schahin e o Morada, enfrentavam problemas de caixa. Sem explicar o porquê, Tombini decretou intervenção no Morada, mas agiu para que o Schahin fosse resgatado pelo Fundo Garantidor de Crédito, sem que os donos apresentassem garantias. Ou seja: existem banqueiros que podem quebrar, e outros, não.

Por conta disso, técnicos do Banco Central já foram convocados pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados para explicar o caso. E, quando um xerife do BC tem de se explicar demais, acaba caindo.