Projetos do acordão
O Palácio do Planalto está exultante com as notícias envolvendo o PSDB e o PFL no escândalo do mensalão. A avaliação dos governistas agora é de que será inevitável um grande acordo apressando os trabalhos da CPI dos Correios para que ela chegue logo ao fim, punindo um mínimo de pessoas e tocando uma pauta de votações no Congresso previamente acertada entre o governo e a oposição. Os novos articuladores políticos do presidente Lula têm até um esboço dessa pauta na ponta da língua: a) a reforma política, devidamente desidratada, para agradar a todos os partidos, podendo ou não incluir o financiamento público de campanhas; b) uma reforma tributária, flexibilizando as transferências constitucionais; c) a reforma do sistema de concorrência na área bancária; d) e a reforma das leis do Processo Civil, do Processo Penal e do Processo Trabalhista. Ou seja: a CPI concluiria suas apurações até setembro ou outubro, com umas poucas cassações até dezembro, e, enquanto isso, o noticiário do segundo semestre iria sendo tomado pela pauta do Congresso. Só falta eles combinarem isso com a sociedade.

Lembo, não!
A cúpula nacional do PFL arrumou mais um motivo para se irritar com os tucanos. Soube que Fernando Henrique Cardoso e José Serra disseram ao governador Geraldo Alckmin que ele não pode se desincompatibilizar do cargo para concorrer a presidente. Motivo: o PSDB não aceita que o vice-governador, o pefelista Cláudio Lembo (foto), assuma o comando do Estado.
 
 
Azeredo fora
A saia-justa é tanta no PSDB com o presidente do partido, Eduardo Azeredo, envolvido no escândalo do mensalão, que a cúpula do partido já decidiu que ele deverá se afastar do cargo. E o substituto no comando tucano já está escolhido: será o senador cearense Tasso Jereissati.

Alto-astral
Quem anda feliz da vida é a senadora pefelista Roseana Sarney (foto). Disse a amigos que deu a maior sorte de ter sido preterida por Lula na última reforma ministerial. Assim ficou longe dos escândalos do governo. Mais: seu arquiinimigo, o governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares, acaba de se separar.
 
 
A Pajero de Luizinho
Um outdoor tomou conta do ABC paulista nas últimas semanas. Estampava foto do ex-líder do governo na Câmara Professor Luizinho ao lado do presidente Lula, agradecendo a criação da Universidade Federal do ABC. Abaixo, em letras menores, explicava-se que a peça foi paga por “amigos do ABC”. Custou quase o preço de uma Pajero.
 
 
Rápidas

• O deputado José Dirceu ouviu conselho de amigos e concordou: assim que sentir os primeiros sinais de cassação, vai renunciar ao cargo. Ele acha que, se não for cassado, se reelege para a Câmara.

• O PSDB anda atrás de outra agência de publicidade em Minas Gerais. Chama-se Asa e é muito ligada à prefeitura petista de Belo Horizonte. Assim como a DNA e a SMP&B de Marcos Valério, também teria negócios com o Banco Rural.

• O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, só pensa em vingança do impeachment de Collor. Tem procurado contatos com o vice-presidente da República, José Alencar. Busca acerto envolvendo garantias da manutenção da política econômica.

• Relator da CPMI dos Correios, Osmar Serraglio (PR) está sendo apontado na bancada como um candidato de peso a líder do PMDB na Câmara. A eleição está marcada para quarta-feira 10, com forte disputa entre governistas e oposicionistas.

• Vale prestar atenção num detalhe: com as denúncias do mensalão, todo o Colégio de Líderes da Câmara está bichado. O governo aposta na substituição de todos os líderes até o final de agosto.