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O diretor americano Steven Spielberg, que moldou sua fama com filmes que faziam adultos se sentirem como crianças, está de volta ao gênero que ele sabe fazer melhor: justamente as histórias infantojuvenis. Na era da animação, do 3D e dos enredos repletos de efeitos, o diretor de títulos clássicos como “E.T. – O Extraterrestre” e “Os Caçadores da Arca Perdida” busca se recolocar no novo panorama do cinema espetacular que ele próprio ajudou a criar e do qual havia se distanciado. E faz isso não com um filme, mas com dois ao mesmo tempo. Após seis anos sem criar um enredo inédito – “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, de 2008, é a continuação de uma franquia – o rei dos blockbusters tem agendado o lançamento da animação “As Aventuras de Tintin – O Segredo de Licorne” e do filme de época “Cavalo de Guerra” para o fim do ano, com estreias simultâneas.

Baseado na clássica história em quadrinhos do desenhista belga Hergé, “As Aventuras de Tintin” (previsto para o dia 23 de dezembro) tem orçamento de US$ 135 milhões e marca a entrada de Spielberg no universo da animação em 3D. Para que o personagem do jornalista mirim de topete empinado (voz de Jamie Bell) não perdesse a graça do traço original, o filme foi rodado usando a mesma tecnologia de captura de movimentos feita em “Avatar”. O efeito, chamado motion capture (ou mocap), usa atores reais para, assim, transpor a ação para o desenho animado com maior realismo. Foi Peter Jackson, diretor de “O Senhor dos Anéis” e parceiro de Spielberg na empreitada, quem propôs ao colega o uso dessa técnica e que as filmagens fossem feitas em seu estúdio, o Weta Digital, na Nova Zelândia.

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MATINÊ
Jeremy Irvine com seu puro-sangue em “Cavalo de Guerra” e cena de “As Aventuras
de Tintin”: história narrada por um animal e a primeira animação em 3D de Spielberg

Essa soma de forças é uma das armas de Spielberg na missão de reconquistar seu espaço no tipo de cinema que ele mesmo inventou ao lado do colega George Lucas. Até o aparecimento do transatlântico hollywoodiano “Titanic”, em 1998, seu filme “O Parque dos Dinossauros” reinou absoluto como a maior bilheteria de todos os tempos. Hoje, carrega a 15o posição no ranking, perdendo as primeiras colocações para “Avatar”, a saga “Harry Potter” e, claro, “O Senhor dos Anéis”. Em comum, essas produções têm o mesmo público alvo: a família inteira, plateia que Spielberg quer atingir nas férias de fim de ano.

Além da parceria com Jackson, Spielberg lançou mão de outra arma em seu contra-ataque massivo. Desde 2009, o seu estúdio DreamWorks fechou contrato de distribuição de seis filmes com a Disney. À época, imaginou-se que personagens como Shrek ou Kung Fu Panda pudessem ir juntos como parte da negociação, mas a DreamWorks Animation não entrou no negócio. O envolvimento da Disney nos projetos de Spielberg inclui um investimento inicial de US$ 325 milhões e a fatia de 10% do lucro por cada filme para a empresa de Mickey Mouse.

O primeiro longa-metragem a ser lançado nesse acordo será “Cavalo de Guerra”, adaptado de um livro de Michael Morpugo destinado a crianças de 9 a 12 anos. Trata-se da história de um cavalo, Joey, “convocado” para a Primeira Guerra Mundial, e da busca de seu dono, o jovem Albert (interpretado pelo desconhecido Jeremy Irvine), para tentar encontrá-lo. Curiosidade: a narrativa é feita do ponto de vista do animal. “Cavalo de Guerra” estava previsto para agosto, mas a DreamWorks avaliou que seria um filme “próprio para as férias”, e adiou sua premiére para 28 de dezembro, cinco dias após “Tintin” chegar às telas. Apesar do conflito de agendas, a porta-voz da DreamWorks, Stacey Snider, disse ao jornal “The New York Times” que a companhia acredita haver espaço e público para os dois filmes nos cinemas mundiais.

Especialmente quando ambos vêm assinados por Steven Spielberg.

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