O País falou pouco de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, nos últimos quatro meses. Preso desde 6 de maio no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (SP), o traficante carioca está isolado. As visitas são monitoradas, há bloqueadores de celulares e o banho de sol diário é a única atividade. “É crucial cortar o cordão umbilical entre o criminoso e sua região”, ensina o juiz Wálter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas. Por isso, ninguém entendeu quando, na semana passada, o juiz Miguel Marques e Silva mandou Beira-Mar de volta para o Rio. A decisão, que atende a um pedido dos advogados do traficante, só não foi cumprida porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu liminarmente a transferência na quarta-feira 3.
A decisão final sairá nos próximos dias.

O STJ aceitou o argumento do procurador-geral de Justiça do Rio, Antônio Vicente da Costa Júnior, de que a volta do traficante colocaria “em risco a ordem pública”. O juiz Miguel Marques e Silva, 53 anos de idade e 17 de magistratura, argumenta: “Aqui (em São Paulo), ele não tem parentes, não responde a processo e não está condenado. Não há razão para ficar aqui.” Mas em Bangu 1, no Rio, Beira-Mar ordenava matanças, atentados e o fechamento do comércio, além de comandar uma rebelião há um ano. A polícia carioca garante que os negócios do Comando Vermelho estão em colapso desde que o traficante partiu. Ele teria deixado de abastecer com cocaína os morros onde mantém territórios fortes. Segundo a Polícia Civil, houve uma queda de 40% no movimento financeiro das quadrilhas.


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