“The thrilla in Manilla”. Assim ficou conhecida a luta mais famosa de todos os tempos, entre Muhammad Ali e Joe Frazier, disputada na capital das Filipinas, em 1975. Antes do 15º assalto, o juiz interrompeu o confronto, sob os protestos de Frazier, que, mesmo ensanguentado, queria seguir lutando contra o maior boxeador de todos os tempos. Ao final, Ali, um grande frasista, resumiu a história: “Foi o mais próximo que se pode chegar da morte.”

O Brasil pode ter também sua luta do século. Um confronto eletrizante entre seus dois maiores pugilistas: Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, que vestiram o cinturão dos grandes campeões nos últimos 16 anos. Aos 80 anos e em boa forma, FHC já avisou que pretende cair dentro do ringue. “Lula se esquece de que eu o derrotei duas vezes. Quem sabe ele queira uma terceira? Eu topo”, disse o tucano, numa entrevista de rádio, nesta semana. A arena da disputa seria a Prefeitura de São Paulo, nas eleições de 2012.

Até agora, Lula não se manifestou sobre o “convite”, mas ele é sim o candidato dos sonhos de boa parte do PT, especialmente da ala sindical. Uma vitória em São Paulo, dizem os defensores da candidatura Lula, abriria espaço para o “extermínio dos tucanos”. Mas será que Lula arriscaria todo o seu prestígio num único dia? E será mesmo que ele derrotaria FHC na cidade de São Paulo, a mais tucana de todas as metrópoles?

Seria um risco, mas o Brasil inteiro clama por esse duelo. Quem fez mais em oito anos? Qual governo foi mais corrupto? E, mais do que um confronto de políticas públicas, seria também um choque de vaidades. Afinal, qual dos dois é mais ególatra? No fundo, FHC e Lula se amam. As qualidades que admiram no seu objeto de desejo são aquelas que não têm dentro de si. Como definiu o jornalista Paulo Markun, autor de “O Sapo e o Príncipe”, um queria ser o outro. Lula inveja a inteligência; FHC, o carisma.

O “thrilla in Manilla” foi o último grande momento de Muhammad Ali e Joe Frazier. Eles não encerraram a carreira nas Filipinas, mas nunca mais fizeram grandes lutas depois daquele confronto. FHC e Lula devem este grande momento à nação. “The thrilla na Paulista.” Estamos esperando.