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GASTOS Padre Edvino Steckel (acima) comprou um imóvel de 500 metros quadrados por R$ 2,2 milhões (abaixo

A preciador de bons vinhos, o padre Edvino Alexandre Steckel, 42 anos, gosta de se vestir bem e de ambientes sofisticados. "Desde pequeno, ele sempre foi chegado ao luxo", afirma o serralheiro Elcio Marcelo Steckel, um dos cinco irmãos do religioso. Há dois anos, achou que estava acima do peso e decidiu contratar um personal trainer bilíngüe para correr na Lagoa Rodrigo de Freitas. Assim, além de ficar em forma, ele exercitaria o inglês. Até recentemente, seu maior pecado conhecido era o cigarro. O apego exagerado à matéria só ganhou visibilidade agora.

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O padre Edvino está sendo investigado por uso indevido de dinheiro da Arquidiocese do Rio de Janeiro: a Igreja Católica quer saber onde foram parar os R$ 15 milhões que evaporaram da conta da Mitra nos 16 meses em que ele administrou as finanças, na gestão do arcebispo dom Eusébio Oscar Sheid (2001-2009), aposentado em abril.

Parte desse montante foi gasta em consumo de bens, como um carro importado modelo Jetta, da Volks, avaliado em R$ 85 mil, para uso particular do padre. Outra parte jorrou para a cara mobília de sua sala na arquidiocese carioca, com a qual gastou em torno de R$ 60 mil. O padre escolheu móveis na sofisticada loja Forma: dois sofás de couro com enchimento de penas de ganso, que custam entre R$ 17 mil e R$ 21 mil, e cadeiras Barcelona – cada uma ao preço de R$ 3 mil. Além disso, todas as paredes e portas de sua sala ganharam revestimento à prova de som.

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O mais escandaloso, porém, foi a compra, por R$ 2,2 milhões, de um apartamento de alto luxo na avenida Rui Barbosa, endereço nobre da zona sul do Rio, com vista para o Pão de Açúcar. Este imóvel – de 500 metros quadrados e cujo condomínio é de R$ 2 mil – seria para uso particular de dom Eusébio.

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SUSPEITO
R$ 15 milhões sumiram na gestão de dom Eusébio Sheid

Tudo está sendo apurado por ordem do atual arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, que recolocou o monsenhor Abílio Ferreira da Nova, desligado por dom Eusébio, para cuidar novamente das finanças. Pelas contas do monsenhor Abílio, em janeiro de 2008, o caixa tinha R$ 7 milhões e havia a previsão de entrada de um precatório da prefeitura no valor de R$ 5,15 milhões.

Na ocasião, eles esperavam, ainda, a entrada de mais de R$ 3 milhões das fontes de renda da Cúria. Dom Orani já mandou devolver o carro importado e quer desfazer, também, o negócio com o apartamento.

"Todos os gastos estão sendo levantados e só depois será tomada uma decisão sobre o que fazer", afirmou o assessor de imprensa da arquidiocese, Adionel Carlos da Cunha, outro demitido que acaba de ser reintegrado. Quando assumiu o cargo de ecônomo da Cúria, Edvino contratou a Fundação Getulio Vargas para auditar as contas, demitiu 67 funcionários e afastou diversas pastorais para cortar custos, numa atitude que provocou bastante polêmica na ocasião.


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