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MUDANÇA
Kenza Drider e o presidente francês: cobrir o rosto agora é proibido por lei

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, está disparando para todos os lados. Com a popularidade em baixa, mas disposto a disputar a reeleição em abril de 2012, Sarkozy não se limitou a engajar tropas em três conflitos internacionais. Numa tentativa de conquistar o eleitorado ultraconservador, o presidente acaba de colocar em vigor a lei que proíbe o uso de vestimentas que encubram o rosto. A determinação revoltou a população islâmica do país – estimada em cinco milhões de pessoas – e provocou críticas no exterior, mas agrada à parcela de franceses avessa a valores estranhos à própria cultura. Pela legislação patrocinada por Sarkozy, estão proibidos a burca, o véu que encobre todo o corpo, e o niqab, que deixa à mostra só os olhos.

No dia em que a França se tornou o primeiro país europeu a proibir esse tipo de vestimenta, a segunda-feira 11, três mulheres foram detidas em uma manifestação em frente à Catedral de Notre Dame, em Paris. Uma delas era Kenza Drider, 32 anos, mãe de quatro filhos, a única mulher com véu integral que participou dos debates parlamentares em torno da nova lei. “O governo não tem de interferir em minha vida privada”, reclamou Kenza. Estima-se que apenas duas mil mulheres na França usem burca ou niqab. Caso insistam no hábito e a lei pegar para valer, elas ficam sujeitas a multa do equivalente a R$ 340 e a comparecer a aulas de cidadania. A penalidade é maior para a pessoa que obrigar outra a encobrir o rosto: R$ 70 mil e um ano de prisão. Criticada inclusive pelos Estados Unidos, a nova lei satisfaz em especial os eleitores de Marine Le Pen, a advogada que sucedeu o pai, Jean-Marie Le Pen, no comando do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN). Candidata à Presidência, Marine não tem a retórica truculenta do pai, embora defenda valores similares. Recentemente, ela comparou a presença de muçulmanos orando nas ruas, perto de mesquitas, com a invasão nazista.

A um ano das eleições presidenciais, Marine vem aparecendo à frente do presidente nas pesquisas de intenção de voto. No comando do governo, Sarkozy tenta reverter a má fase como se estivesse inspirado em Napoleão Bonaparte (1769-1821), o imperador que reformou as leis francesas e guerreou com meio mundo. Não por acaso, o presidente mantém o país no front de três conflitos armados, colocando a França como protagonista da geopolítica mundial. Tem papel decisivo na intervenção na Líbia e na Costa do Marfim, a ex-colônia que ainda abriga 12 mil cidadãos franceses. No Palácio do Eliseu, a primeira-dama Carla Bruni faz a sua parte. Para não atrapalhar os planos eleitorais do marido, a bela adiou para depois das eleições de 2012 o lançamento de seu quarto disco, marcado originalmente para o segundo semestre deste ano.

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