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Assim como muitas meninas de sua idade, o maior sonho da capixaba Jeniffer Corneau Viturino, 17 anos, era seguir a carreira de modelo. Desde pequena, a garota de traços delicados afirmava para a família que seu destino estava nas passarelas. “Lembro-me dela dizendo: ‘Papai, um dia eu serei modelo e poderei te ajudar’”, contou à ISTOÉ o autônomo Girley Viturino Silva, 40 anos, morador de Vitória (ES). O desejo de Jeniffer tornou-se realidade do outro lado do oceano, quando em 2007 a bela jovem se mudou para Portugal com o irmão Johnatan, 19. Os dois foram encontrar a mãe, Solange Viturino, 39, que já morava em Lisboa havia dois anos e era comerciante. Nos planos iniciais da família, o pai também acompanharia os filhos, mas o casal se desfez antes do previsto, pois ambos engataram novos relacionamentos nesse período. Em Portugal, a adolescente brasileira participou de concursos de beleza e ensaios fotográficos e, aos poucos, começou a ganhar notoriedade. Quando finalmente sua carreira parecia deslanchar, uma tragédia se abateu sobre a família. Na madrugada da sexta-feira 8, Jeniffer despencou do 150 andar do prédio de luxo Torre de São Rafael, no bairro lisboeta Parque das Nações. O prestigiado endereço pertence a seu namorado, o milionário e playboy português Miguel Alves da Silva, 31 anos.

O corpo de Jeniffer foi encontrado no térreo do condomínio às 7h20 da manhã, mas a família da modelo só recebeu a notícia cinco horas depois. “Miguel me ligou ao meio-dia dizendo que havia acontecido uma grande tragédia”, contou Solange à ISTOÉ. “Ele disse que na noite da quinta-feira, após voltarem de um jantar, ele terminou o namoro com Jenny e foi dormir no quarto, enquanto ela ficou na sala. No dia seguinte, acordou e não a encontrou no apartamento.” Dentro do duplex do empresário, a Polícia Judiciária de Lisboa recolheu um bilhete supostamente escrito por Jeniffer, que indicava o suicídio. A mãe da modelo afirma que teve acesso à carta de despedida da filha e reconheceu sua letra e assinatura. “Mas o conteúdo não parecia ser da Jenny”, afirma Solange. Ainda segundo a comerciante, no bilhete a jovem dizia que “estava cansada de sofrer” e que era “a única culpada pelo relacionamento com Miguel não ter dado certo”. Informações não confirmadas pela polícia portuguesa, pois o inquérito corre em sigilo, davam conta de que a jovem tinha hematomas pelo corpo, não decorrentes da queda.

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VIOLÊNCIA
Jeniffer e o empresário Miguel Alves da Silva: ele teria agredido a namorada numa festa

De acordo com amigos e familiares, o namoro entre Jeniffer e Miguel era conturbado. “Eles brigavam com frequência, e uma vez ela até chegou a dizer que havia sido agredida por ele numa festa, mas não quis prestar queixa para não incriminá-lo”, diz Solange. O casal se conheceu em um evento de moda no verão de 2009. Depois de se encontrarem mais de uma vez em animadas festas na noite portuguesa, o namoro foi oficializado. “Lembro que há um ano o Miguel me ligou para pedir a mão da Jeniffer em namoro. Ele me pareceu muito educado e gentil”, contou Girley. A fama do empresário em Portugal, porém, revela uma outra faceta. Herdeiro da empresa Iema, que fornece equipamentos aeronáuticos e bélicos para o governo português, Silva é conhecido por seu caráter agressivo e por sua fama de mulherengo (leia quadro). A reportagem de ISTOÉ procurou tanto Miguel quanto seus supostos affairs, mas não recebeu retorno.

Segundo o jornal português “Correio da Manhã”, uma terceira pessoa estaria presente no apartamento na noite da morte de Jeniffer. A constatação partiu da análise de imagens captadas pelo sistema de vigilância do prédio, que registraram o momento em que Silva subiu no elevador com a modelo, na companhia de outra mulher. Ainda segundo o periódico, o empresário negou em depoimento que outra pessoa estivesse com o casal naquela noite e entrou em contradição sobre o que teria feito desde o momento em que despertou até avistar o corpo de Jeniffer caído no térreo. Até a sexta-feira 15, essas hipóteses não eram confirmadas pela Polícia Judiciária portuguesa. Um parecer do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) de Lisboa afirmou que a causa da morte de Jeniffer foi mesmo a queda e que dentro de quatro semanas sairá o resultado dos exames toxicológicos feitos para verificar se a modelo consumiu álcool ou drogas naquela noite. Algo que Girley não acredita. “Minha filha foi criada num lar evangélico. Não tinha vícios nem motivos para tirar a própria vida”, diz.

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DOR
O prédio de onde Jeniffer caiu do 15º andar. Abaixo, a mãe no enterro da filha: o namorado não foi

Girley não via a filha havia quatro anos, desde que Jeniffer e o irmão se mudaram para a capital portuguesa para se juntar a Solange. Seu último contato foi por telefone, no dia 11 de janeiro de 2011. Mesmo não sendo separado legalmente, o casal já parece distante. Enquanto o pai segue recusando a possibilidade de suicídio, a mãe não descarta a ideia. “A Jenny poderia ter se jogado num rompante de raiva e desespero. Não sei o que teria motivado isso, mas também não acredito que o Miguel seja diretamente culpado pela morte dela”, afirma. “Já o meu coração de pai me diz que ela foi jogada daquela janela”, disse Girley. Mistério que só a polícia portuguesa poderá ­resolver.

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