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DAMA DE VERMELHO
Carismática e sem afetação, Kate traz novos ares às antigas bases da monarquia britânica

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Às 10 horas do dia 29 de abril de 2011, a plebeia Kate Middleton, 29 anos, deixará o Palácio de Buckingham, em Londres, Inglaterra, rumo à Abadia de Westminster, a poucos quilômetros dali, onde se casará com seu príncipe encantado – no caso, um príncipe de carne e osso, William de Gales, 29 anos, o segundo nome na linha de sucessão ao trono inglês. Diferentemente das outras noivas reais da Grã-Bretanha, como a mítica princesa Diana, mãe de seu futuro marido, ela não desfilará pela avenida The Mall a bordo da suntuosa carruagem real. Será conduzida por um Rolls-Royce preto. Após a cerimônia, marcada para as 11 horas, seguirá com William para o palácio, dessa vez, sim, de carruagem. A decisão de chegar à cerimônia com um veículo plebeu e sair dela a bordo de um típico transporte da realeza partiu da própria noiva, que parece querer marcar com tintas fortes o momento histórico no qual deixará de ser uma cidadã comum para se tornar parte da lendária família real britânica.

Mas, afinal, quem é Kate Middleton, a jovem que entrará para o clã real mais famoso do planeta? Apesar de não ter linhagem nobre, ela é educada e elegante, além de linda e com apurado senso estético (já disputa com a falecida sogra o título de maior ícone fashion da realeza britânica). Estudou nas melhores, mais caras e aristocráticas escolas da Inglaterra, onde colecionava notas A e se destacava nos esportes. Definida pelos colegas como “certinha” e “determinada”, era uma garota tímida e apagada – no internato Marlborough, recebeu nota 2, numa escala de zero a 10, no quesito beleza, num concurso cruel organizado por colegas. Mas desabrochou no final da adolescência, se tornando uma das mais admiradas pelas moças e cortejadas pelos rapazes, por sua personalidade sem afetação, cabelos ondulados, corpo esguio e roupas grifadas. Numa nova edição do tal concurso, atingiu nota 10. Mesmo assim, não se deslumbrava com o assédio masculino, a ponto de pouco ser vista na companhia do sexo oposto nem em festas regadas a bebida – não há registros seus fumando, bebendo ou usando drogas. “Kate era do tipo que tomava apenas uma taça de vinho a noite toda”, diz a jornalista britânica Claudia Joseph, autora do livro “Kate, Nasce uma Princesa”, que acaba de chegar ao Brasil pela editora Best Seller. “Nem por isso ela deixava de se divertir. Conversava e dançava, sem perder o controle.” Mas a jovem não era do tipo que julgava os estudantes que burlavam as regras. Ainda no colégio interno, por exemplo, fazia as vezes de vigia enquanto os alunos se embebedavam de vinho contrabandeado para os alojamentos.

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Da mesma forma que conquistou os colegas, Kate encantou a exigente família do noivo. Em “Kate”, um empregado da casa de campo da realeza em Balmoral, na Escócia, relata que ela se sente em casa por lá, pescando salmão e truta. “Lady Di ficava impaciente para ir embora sempre que vinha para cá. Já miss Middleton se encaixa perfeitamente no lugar. Logo pensamos: a rainha vai gostar dela”, disse o funcionário. Dito e feito. Apesar de a jovem ainda ter de marcar na agenda oficial da rainha todas as suas visitas, sabe-se que seu casamento com o primogênito do príncipe Charles não seria aprovado sem o aval da rainha-mãe.

A educação esmerada de Kate é mérito de seus pais, Carole Goldsmith, 56, e Michael Middleton, 61. Ela e os irmãos mais novos puderam estudar em escolas de excelência, frequentar as mesmas rodas e viajar para destinos exclusivos graças ao trabalho duro dos progenitores. Carole, ex-comissária de bordo, e Michael, ex-piloto de avião da British Airways, se tornaram executivos multimilionários ao abrir uma empresa de produtos para festas e colocá-los à venda na internet – coisa rara há 15 anos. Atualmente, a família mora na charmosa Oak Tree, uma casa de campo de 1 milhão de libras (R$ 2,6 milhões) em Bucklebury, nos arredores de Londres, e viaja duas vezes por ano para esquiar na França e descansar no Caribe.

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RETRATO REAL
Na linha de frente, da esq. para a dir., príncipe William, príncipe Charles,
rainha Elizabeth II, príncipe Phillip, duquesa Camilla Parker Bowles e príncipe Harry

Segundo biógrafos, a futura princesa sofreu forte influência da avó materna, Dorothy Harrison, e da mãe. As duas, cujos antepassados ganhavam a vida trabalhando em minas de carvão (leia a árvore genealógica da família na pág. 81), eram conhecidas por sua ambição e determinação. Em “Kate”, a avó é retratada como uma mulher insatisfeita e esnobe porque sonhava pertencer à nata da sociedade. “Foi ela que, como um trator, empurrou a família para a frente”, diz Claudia sobre a senhora, já falecida. De acordo com o jornalista britânico Christopher Andersen, autor do venenoso “William and Kate”, outro livro lançado às vésperas da boda, Carole herdou da mãe o desejo de melhorar de vida. Teria sido ela quem convenceu Kate a se matricular na mesma universidade de William. O casal se conheceu na St. Andrews, na Escócia, e começou a namorar depois que o príncipe viu a bela morena num desfile de moda beneficente usando um vestido adornado por uma lingerie sexy. Carole nunca escondeu o desejo de que as filhas se casassem com homens com situação financeira e social de alto quilate. Tanto que Kate e Pippa foram apelidadas pela imprensa britânica de “wisteria sisters” (irmãs trepadeiras), porque eram “altamente decorativas, terrivelmente perfumadas e tinham uma incontestável habilidade em subir”. Não se sabe se Kate cavou seu romance ou se ele é obra do destino. Mas colegas de escola contam que ela nutria um amor platônico pelo príncipe desde os tempos da adolescência, colecionando fotos suas e se imaginando casada com ele.

Por outro lado, a futura princesa aparenta ser uma mulher de pés bem fincados no chão, assim como o pai. Filho de comerciantes, Michael só botou fé no romance da filha com o príncipe após o noivado se tornar público, em novembro. Kate, garantem os amigos, nunca se deslumbrou com dinheiro, situação social, namorado célebre ou realeza. A discrição da moça ficou evidente quando o casal se separou em 2007. Ela não deu uma entrevista sequer sobre o rompimento, enchendo William de orgulho e segurança. Meses depois, eles reataram. Apelidada de “waity Kate” (Kate à espera), a noiva aguardou oito anos de namoro sério para ser pedida em casamento. Recentemente, William declarou que só não pediu a mão dela antes porque sabia que a namorada enfrentaria uma mudança radical e precisava ter certeza de que ela estaria preparada. Mas há quem diga que o príncipe, que sofreu com as traições e o divórcio dos pais e perdeu a mãe aos 15 anos, queria estar certo de que estava agindo da melhor forma.

Ao longo desse período, o casal sempre se manteve discreto, enquanto William convivia de perto com a família de Kate. “Ele ama os feriados que passa com os parentes da namorada porque todos são muito tranquilos e fáceis de lidar”, disse uma amiga do príncipe à imprensa britânica. O neto da rainha da Inglaterra frequenta animados churrascos de domingo na casa dos Middleton, sempre regados a seu vinho preferido, que não falta na adega. E tem autorização para dormir no quarto de Kate. Chama o sogro de pai, ri das piadas da sogra – especialmente quando ela faz voz de comissária – e se dá muito bem com os irmãos da noiva, Pippa e James. Os quatro são vistos com frequência em bares só para membros, como o Brompton Club, em Londres. Todos, no entanto, se esforçam para não exagerar na dose e terminar estampando capas de tabloides. Segundo a imprensa britânica, Kate e Pippa sempre foram muito competitivas entre si, mas nunca deixaram de ser amigas. Ao lado de Harry, irmão mais novo de William, Pippa será madrinha do casamento. James, por sua vez, é um bon-vivant – gosta de beber, dançar e caçar.

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Sempre unido, o clã Middleton recebeu o apelido de en masse (em massa) da imprensa britânica. Mas nem tudo são flores entre os Goldsmith, a família de Carole. Segundo Andersen, Gary Goldsmith, tio de Kate por parte de mãe e figurinha fácil nas altas rodas internacionais, já foi flagrado usando drogas e se promovendo à custa do noivado da sobrinha. Reza a lenda que ele tatuou nas costas Noveau Rich (novo-rico). “O tio, ovelha negra da família, mora em uma vila de 5 milhões de libras (R$ 13 milhões) em Ibiza (Espanha) chamada de A Mansão Bang Bang, que ele prefere chamar de Can Aveline, com a pronúncia de Can I Have a Line (posso cheirar uma carreira) ou Cumalot (goze muito)”, explica Andersen. Tudo indica que, para azar dos tablóides sensacionalistas, Gary não foi convidado para as recepções pós-cerimônia no palácio.

Além de representar um sopro de jovialidade sobre as antigas bases da monarquia, a união de William e Kate também promete ser um evento midiático de proporções inéditas. Três décadas atrás, o casamento de Diana e Charles levou 600 mil pessoas às ruas e foi transmitido ao vivo para o mundo todo, alcançando 750 milhões de espectadores – recorde de audiência na época. Desta vez, calcula -se que 800 mil curiosos tomarão as ruas de Londres – foi decretado feriado na cidade. Na tevê, dois bilhões de pessoas acompanharão o casamento em tempo real (leia quadro com números do evento na pág. 83) – a audiência esperada é a mesma do funeral de Diana, em 1997, recorde mundial até hoje. E a família real se esforça para não decepcionar a plateia. Kate Middleton entrará na charmosa abadia de 900 anos a bordo de um vestido longo branco de seda ou cetim assinado por um estilista britânico – as apostas sobre o nome por trás do tão aguardado traje se dividem entre Bruce Oldfield, um dos preferidos de Lady Di, e Sarah Burton, que assumiu o posto de Alexander McQueen, após a sua morte, na maison homônima. A jovem, que em uma viagem romântica ao Quênia, em novembro de 2010, ganhou de William o anel de noivado de safira e diamantes que pertenceu à Diana, deve usar pelo menos uma joia real. William, por sua vez, aguardará a noiva em trajes militares, como manda o protocolo. A trilha sonora estará sob o comando do maestro James O’Donnel e será interpretada pelos corais da Abadia de Westminster e da Capela Real. Na plateia, amigos e familiares, membros de outros clãs reais e representantes do corpo diplomático.

Após a lua de mel, que deverá ser na Austrália, onde o príncipe de Gales toca projetos sociais, o casal retorna para a sua casa em Anglesey, província na costa noroeste de Gales. Lá, William seguirá servindo como piloto de helicópteros. E Kate, sem trabalhar, só deverá cumprir sua agenda real. A vida de casados não será muito diferente de antes do casamento. O príncipe prefere não manter staff de funcionários domésticos. Quem faz as compras e o jantar é a própria Kate. A rotina da futura princesa centrada no matrimônio e na monarquia divide opiniões. “Essa família sempre perseguiu as mulheres, maltratou-as e menosprezou-as. Essa pobre moça vai deixar sua vida para trás para encarar eventos sociais e usar roupas conservadoras”, disse a escritora britânica Bidisha. “Por que entrar para um ambiente que apesar de ser comandado por uma rainha é tão patriarcal?”, questiona a feminista inglesa Beatrix Campbell. Claudia afirma que Kate compartilha o sonho de boa parte das mulheres, no caso, de encontrar o príncipe encantado e constituir família ao lado dele. “Ela terá uma profissão, a de princesa”, diz a autora. Vale lembrar, no entanto, que Kate não receberá apenas o título de duquesa, por conta da ausência de sangue azul. O que não impedirá, é claro, que seja tratada como tal.

O fato é que desde o enlace dos pais do noivo, Charles e Diana, em 1981, a Inglaterra não celebra um casamento real com tamanho frisson. Pela primeira vez em 350 anos, um príncipe herdeiro se casa com uma plebeia. A última união entre um monarca e uma representante do povo foi em 1660, quando o Duque de York, depois James II, chocou o país ao se unir a Anne Hyde, uma camareira grávida acusada de ter se envolvido com metade da corte. Será a primeira vez, também, que uma mulher com curso superior (história da arte), experiência profissional (já trabalhou numa loja de departamento) e que já dividia o mesmo teto com o noivo (o casal mora junto desde 2003) cruza os portões do Palácio de Buckingham.


Ainda assim, não se pode dizer que a animação entre os súditos é unânime. Uma pesquisa recente com mil londrinos revelou que 60% não estão empolgados com o casamento. Mas a família real tem evitado ser motivo de críticas, ainda mais em tempos de recessão. Ao contrário do que muitos ingleses imaginavam, não pediu dinheiro extra ao Parlamento e vai arcar com as contas de segurança e infraestrutura da celebração. Além disso, aceitou de bom grado uma doação de seis dígitos dos pais da noiva para pagar a festa – é a primeira vez que isso acontece. Segundo estimativa do jornal britânico “Daily Mail”, o custo estimado da boda é de 20 milhões de libras (R$ 52 milhões). A maior parte do valor será destinada à segurança, por conta do risco de atentados terroristas e de manifestações anarquistas.

Mas os ingleses não têm do que reclamar. Segundo a consultoria de varejo Verdict, o enlace real deve injetar 620 milhões de libras (R$ 1,6 bilhão) na economia britânica, com a chegada de turistas e a venda de produtos relacionados ao casório. A estrela da festa é a plebeia Kate Middleton, mas quem ganha é a Inglaterra, cuja monarquia há muito precisava de uma injeção de modernidade e uma dose extra de autoestima. Além de um toque de realeza, mesmo sem um pingo de sangue azul.

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