O contrário da verdade factual é a ilusão, o contrário da verdade científica é o erro. A morte da garotinha Isabella é um fato (foi atirada da janela do sexto andar do prédio em que morava em São Paulo, há pouco mais de um ano). Mas a prova científica que a polícia produziu incriminando o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, está se revelando nula. Motivo: a perícia oficial se fundamenta no cotejamento de sangue encontrado em peças de roupas e objetos com o sangue de Alexandre e Anna, que o Instituto de Criminalística (IC) disse ter recebido do IML. "Afirmamos que o sangue que está no IML e que foi enviado ao IC não é do casal", dizem os advogados Roberto Podval (foto), Beatriz Rizzo e Cristiane Battaglia, três dos mais conceituados criminalistas do Brasil. "E queremos com urgência a elucidação desse fato." Os advogados protocolaram na quinta-feira 7 petição exigindo a preservação no IML e no IC do sangue que a perícia diz ser de Alexandre e Anna. ISTOÉ noticiou com exclusividade em novembro do ano passado que não houve coleta de sangue do pai e da madrasta no IML. De Anna, colheu-se uma amostra quando ela chegou à penitenciária de Tremembé (rotina para doença contagiosa). Só que essa coleta foi muito tempo após a conclusão da perícia (tanto que ela já estava denunciada e presa). Portanto, esse sangue jamais poderia ter sido usado pelo IML ou IC – nem pode estar agora nesses órgãos do governo.