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CARO
Campanha a segundo mandato deve custar mais de US$ 1 bilhão

Nenhuma eleição recente causou tanta expectativa mundial como a de Barack Obama em 2008. Com um discurso conciliador, pacifista e democrático e o seu indefectível “Yes, we can” (sim, nós podemos), ele conquistou os Estados Unidos e o mundo. Obama personificou o sonho da mudança, a esperança de um futuro diferente para Estados Unidos após os oito anos belicosos de George W. Bush na Casa Branca. Mas o balanço de seu governo até agora mostra que muito da expectativa criada naquele outono se transformou em decepção, tanto entre americanos quanto na comunidade internacional. Apesar das tentativas de promover reformas profundas no país, os Estados Unidos continuam atolados em duas guerras que já duram quase uma década, a economia não se recuperou do abalo de 2008 e os republicanos, mesmo após o desastroso governo de Bush, recuperaram força e hoje são maioria na Câmara dos Representantes.

Com pesquisas de opinião pública mostrando tanta frustração, o presidente americano decidiu antecipar a corrida presidencial de 2012 e na segunda-feira 4, 18 meses antes das eleições, lançou sua campanha para concorrer a um segundo mandato. Apesar da largada extremamente precoce, poucos analistas políticos foram pegos de surpresa pela decisão de Obama. Há quase um consenso nos Estados Unidos de que ele precisará de muito trabalho duro, jogadas de marketing tão efetivas quanto em 2008 e muito, muito dinheiro, para conquistar os corações e as mentes dos americanos mais uma vez. A estimativa é de que a campanha para a reeleição em 2012 custe mais de US$ 1 bilhão. Não à toa, a página oficial da pré-campanha na internet dedica um espaço considerável para as doações, na forma de vendas de camisetas, canetas e adesivos.

O lançamento, sem anúncio oficial, e feito exclusivamente pela internet, se deu em sintonia com o perfil que o ajudou a se eleger em 2008. Por meio de um site, disparando e-mails e mensagens de texto via celular, a notícia chegou aos americanos. O efeito foi imediato. No dia posterior ao anúncio, mais de 90 mil pessoas já haviam feito menção à campanha no perfil de Obama no Facebook. Um exército de voluntários foi convocado e o quartel-general da campanha foi montado mais uma vez em Chicago. Em nenhum momento Obama apareceu.

Apesar do ar propositalmente jovial da campanha dirigida por Jim Messina, ex-vice-chefe de gabinete da Casa Branca, não há espaço para amadorismos na empreitada do presidente americano. Esse início precoce é parte de uma estratégia de resguardar – e reestruturar – a imagem de Obama, que enfrenta um momento político muito mais hostil que na campanha anterior. Com a imagem desgastada, o presidente precisará de mais tempo para provar a seus eleitores que é, ainda, o candidato da mudança. Por enquanto, mesmo que timidamente, os americanos estão do seu lado. Mas há, ainda, um longo caminho a ser percorrido – e uma oposição raivosa e com o controle da Câmara dos Representantes para vencer.

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