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Turner Kirk afina o seu violino enquanto Diana Siwaiak ajusta o som do saxofone. Chris Warren confere o trompete e Adnan Marquez-Borbon ensaia com a flauta. Eles são quatro integrantes da orquestra Mopho, que tem como maestro o chinês Ge Wang. Agora, o fato que faz esse grupo de músicos ser único no mundo: o som de todos os instrumentos sai de aparelhos celulares – ou seja, não há instrumento algum na Mopho, nela só existem telefones.

A ideia de formar essa exótica sinfônica foi do próprio Wang, professor do Centro de Pesquisa Computacional em Música e Acústica da Universidade de Stanford, nos EUA. Do outro lado do mundo, a empresa japonesa de telefonia KDDI também está revolucionando, através de celulares, a execução de músicas. Ela montou uma banda de rock, deu-lhe o seu próprio nome e adaptou aparelhos que emitem sons idênticos aos de potentes guitarras.

A tecnologia para isso está em um novo software desenvolvido conjuntamente pela KDDI e pela marca Yamaha. O usuário do celular passa rapidamente os dedos na tela do aparelho e obtém, por meio do software, o som do instrumento. A tela sensível ao toque permite, literalmente, que se toque nela – no caso, tocar guitarra. E como toda banda que se preze tem de incluir bateria, teclado e sintetizadores, também foi feito um celular especial para esses itens.

"Os celulares se tornaram mais poderosos devido à sua versatilidade. Não podemos ignorá-los como plataformas de criatividade", diz o cientista e maestro Wang, líder da heterodoxa orquestra Mopho. Pode-se pensar que a vida dos profissionais de música, e também dos amadores, ficou consideravelmente bem mais fácil com o recurso da telefonia adaptada à execução. Mas o fato é que qualquer interessado que deseje entrar na KDDI ou na Mopho é submetido hoje à mesma bateria de testes pela qual passam os integrantes de bandas e orquestras convencionais.

Os grupos musicais de celulares, digamos assim, são diferentes de tudo o que já se viu, mas levam o ofício tão a sério quanto o mais devoto admirador, por exemplo, de Ludwig von Beethoven ou de Wolfgang Amadeus Mozart. "Se as coisas continuarem assim, muito breve haverá muitas bandas e uma iPhone Philharmonic Orchestra", diz Wang. "E composições nascidas e executadas em celulares poderão ganhar uma categoria especial no prêmio Grammy."

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